"O nível médio daquilo que se publica, seja onde for, é
muito baixo. Esta é a verdade em todo o mundo. As pessoas compram coisas que
falam sobre o hoje e quando o hoje se tornar ontem já ninguém vai ler
aquilo."
"Sinto uma consideração quase nula pelo que, em
Portugal, se publica. Desgosta-me a infinidade de romances desonestos,
entendendo por desonestidade não a falta de valor intrínseco óbvio (isso existe
em toda a parte) mas a rede de lucro rápido através da banalização da vida.
Livros reles de autores reles."
"Como leitor, o que eu gosto é de ler e dizer, bolas, é
exactamente isto que eu sinto e não era capaz de exprimir. Quando um livro me
ensina a explicitar emoções que eu sinto, esse é um livro bom."
"Quando lemos um bom escritor é para nos conhecermos a
nós mesmos."
"Há momentos e situações em que o olhar comunica mais que
as palavras, isso também é intimidade. Creio que sou capaz de dizer muitas
cosas sem falar, é o outro que também tem de compreender e de saber
interpretar. Quando se estabelece essa relação de intimidade e de amizade, não
é necessário falar. (...) Frequentemente é melhor não o fazer porque as
palavras estão muito gastas."
"Isto às vezes é tremendo porque a gente quer exprimir
sentimentos em relação a pessoas e as palavras estão gastas e são poucas. E
depois aquilo que a gente sente é tão mais forte que as palavras..."
"As relações não são necessariamente falhadas, nós é que
as falhamos. E depois os outros têm inveja do amor. (...) Não são nada
solidários connosco quando somos felizes. As pessoas têm imensa inveja da
felicidade dos outros."
António Lobo Antunes
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