domingo, 26 de janeiro de 2014

'' As equações não explodem'' disse o Herr Einstein; e eu acredito que as economias também, se fossem menos financistas, e sim mais equacionadas, as equações são lindas! não precisam de fissões! além das que podemos conhecer nos papéis; as economias não explodem, quando mais ensolaradas e mais ventadas.

ts
essas atuais barcas modernosas que fazem a travessia rio-niterói se vê tudo, menos o mar. o rio de janeiro virou uma puta de gringo para os gozos globais dos bancos, do cesar maLa, cabralóide, e uns e outros que ja deviam ter nascido mortos, uns tais roberto marinho, brizola e oscar niemayer, e pior que essas porras nefastas viveram mais do que deus. isto aqui é uma tristeza para qualquer um que sente e pensa com devida profundidade,

black blocs, rogai por nós.

Tulio Stef  Sartini

sábado, 11 de janeiro de 2014

Distanciamento ,objetividade e reflexão na rede de relacionamento

"Para um homem de bem, a indiferença pode ser uma religião". Tchekhov.

Renato Perissinotto é tanta gente apaixonada pelas próprias ideias aqui que fica difícil dialogar. Um pouco de indiferença e frieza ajudaria a ouvir o interlocutor; a ver as ideias do outros como elas realmente são. Na introdução de Rubens Figueiredo a "O assassinato e outras histórias", do Tchekhov, ele diz: "Tchekhov faz da indiferença um método crítico, uma estratégia literária para nos pôr em contato com as coisas tais como são".
Adriano Codato O Moravia tem um livro chamado Os indiferentes, que li no século passado. Fiquei com vontade de ver se é a mesma ideia.

André Duarte Tem também o Desprezo...

Maria Carolina Schaedler com "as coisas tais como são..."?

Renato Perissinotto até onde isso for possível, Maria Carolina Schaedler. O importante não é tanto o resultado final, mas a disposição inicial.

Maria Carolina Schaedler uma disposição para o contato com a diferença...

Renato Perissinotto sim e disposição também para duvidar de si mesmo.

Maria Carolina Schaedler duvidar de si mesmo pode ser inscrever a diferença em si mesmo

Marcos Lanna Contato cauteloso com a indiferença , Maria Carolina , etnocentrismo e egocentrismo controlado. Pois por mais que o egocentrismo irrite, Renato , especialmente nesse antro q é o fcb, ele é Inescapavel, Freud mesmo explica. Agora, a realidade do Tchecov difere tanto da nossa ! Lá o drama é mais interno , aqui somos mais preservados, espectadores de corpos dissecados e etc

Fernando Baptista Leite o "véio" Bourda fala em "manter-se sempre um pouco ingênuo" em qualquer assunto, como forma de garantir objetividade. Tipo um outsider curioso, que não toma nada por dado. É difícil, mas é libertador cultivar, na prática, esse negócio.


Classe Média,lumpemproletariado e lumpenburguesia

Claudio Daniel.....A classe média (ou, no jargão marxista, pequena burguesia) é o grupo social intermediário, situado entre a classe operária, que produz a riqueza, e a burguesia, que é a proprietária dos meios de produção. Pertencem à classe média os advogados, médicos, professores, jornalistas, gerentes, escritores, artistas e outros profissionais que não estão ligados diretamente à produção ou à administração da riqueza. Historicamente, sempre que há uma situação de crise revolucionária, parte da pequena burguesia se alia aos trabalhadores e assume a ideologia socialista e outra parte (majoritária) se alia aos patrões e assume a ideologia fascista.Claro: nascer na classe média não faz ninguém ser bom ou ruim, e sim as suas escolhas políticas e ideológicas. Karl Marx era pequeno burguês, Engels, filho de empresário, Lênin pertencia a um ramo da pequena nobreza arruinada, Fidel Castro era de família rica, Che Guevara pertenceu à classe média... mas todos eles foram revolucionários socialistas porque escolheram o lado da classe operária.

Carlos Laet de Souza... A classe média também pode ser definida como a classe auxiliar de Gramsci, sem a qual, a burguesia perderia os seus gerentes. São a noblesse de robe - a pequena nobreza que estruturava a burocracia da fase de acumulação de capital. E justamente por serem instruídos, têm mais facilidade para optar pela esquerda ou direita. Me parece que, pessoas individualistas que se fixam em construir suas vidas completamente alheias ao que acontece com seus semelhantes tendem a caminhar para a direita. Os mais idealistas, que se sentem parte de um destino comum de toda a humanidade e que não se satisfazem em enriquecer em meio a miséria de muitos, tendem para a esquerda. Vamos ver eu eu posso ajudar[sobre lumpemburguesia]. O pensamento de Marx dizia que a humanidade só se propunha a resolver os problemas que lhe eram postos, não que pudesse resolver todos. Tal ideia tem a ver com o prefácio da Introdução à Economia Política, quando dizia: uma formação social não desaparece antes de realizar toda a sua potencialidade e um novo modo de produção não surge antes que estejam presentes todas as condições materiais para a sua existência. Escrevi de memória e, portanto, as palavras guardam este conteúdo mas não são exatas nem na tradução para o português.Quanto ao lumpen proletariat, ele é constituído de segmentos da classe dominada que se desviaram. São criminosos e toda a sorte de gente que, por causa das condições sociais e econômicas em que vivem tornam-se marginais. Marx advertia que o lumpen não era revolucionário. Eles são inconscientes politicamente. Trata-se do que Robert Merton classificou, já no século XX, como o inovadores, ou seja, pessoas que comungam dos valores sociais mas não das formas institucionais para obtê-los. Amam a propriedade mas não a procuram pelos meios legais, mas pelo crime. Claramente, não são revolucionários. Este fenômeno, Merton denominava rebelião. Os rebeldes eram os que não concordavam com a ordem estabelecida e a queriam superar por meios não institucionais. Estes são revolucionários. Classes perigosas era forma como os conservadores do início do século XX e século XIX denominavam a classe trabalhadora como um todo, pois entendiam que seriam propensos ao crime. Possivelmente, Marx ou Engels usaram este conceito de uma forma evidentemente distinta.O que há de mais fantástico em Marx e Engels é que foram os cientistas sociais - em sentido amplo - que mais inovaram. Eles tinham um raciocínio profundo e que ultrapassava tudo que se pensava na época. Ninguém inovou tanto. A ideia da economia como motor da história foi revolucionária e mudou a concepção da história. No fundo, a escola dos Annales não fez mais do que substituir a concepção idealista pela economicista. Mas o que eu acho mais fantástico nos dois era a forma como eles pensavam mais de um século a frente. Sobre isto, peço licença para contar minha experiência pessoal. Quando eu estudava direito no Rio, li o Manifesto Comunista de 1848. Na época não concordei com o ponto de vista de acerca dos costumes sexuais, tais como virgindade etc. Na verdade, eu era um machista ignorante que ainda espelhava a concepção preconceituosa dos anos 70. Hoje eu penso como Marx e Engels, os primeiros feministas da história, puderam, em meados do século XIX, estarem tão mais avançados do que eu na década de 70 do século XX. E hoje, todos sabemos que eles estavam certos. A ideia de que a primeira propriedade privada foi a esposa é simplesmente genial e ultrapassa tudo que se pode esperar das mentes mais talentosas. Os dois estão séculos a nossa frente.


As lagostas por Roseana

Emerson Urizzi Cervi
Quero discordar de meus amigos  que estão relacionando a compra de lagostas por Roseana Sarney com o contínuo massacre anunciado nos presídios do Maranhão. Como se diz lá no norte do Paraná, não há nenhuma relação entre as duas coisas. Nem mesmo no que diz respeito à ausência de bom senso da equipe de governo da Roseana. Isso acontece em todos os governos estaduais, sem exceção. E não é em todos os Estados que facções criminosas transformaram presídios em "terra sem lei". Acho que a melhor comparação seria entre a compra de lagostas por Roseana e o pedido de Michele Obama para que os convidados cheguem às recepções alimentados. Ou seja, no Brasil os "habitués" esperam receber do Estado um tratamento classe A, incluindo "comes e bebes" de primeira pagos com dinheiro público. Enquanto a primeira dama norte-americana passa o recado: "quer comer bem, pague com o seu dinheiro". Essa é a comparação que deveria ser feita, pois os "habitués" das recepções palacianas não são os mesmos que superpovoam os presídios. Nem aqui, nem lá. O dia que os frequentadores de palácios brasileiros pararem que esperar tudo do Estado, inclusive lagostas, avançaremos. Só nesse dia...

Renato Perissinotto A compra da lagosta naquelas circunstâncias não é causa imediata de nada, mas é sim a desfaçatez das autoridades brasileiras elevada ao paroxismo. Nesse sentido, é causa distante (talvez nem tão distante assim) de várias outras coisas.

Emerson Urizzi Cervi sim Renato Perissinotto, é causa distante de uma série de coisas, mas muito distante de relacionar um sistema penitenciário em crise crônica com um item de uma lista de produtos para compra/licitação. Com certeza está mais próximo da desfaçatez como as pessoas que têm acesso aos palácios tratam o dinheiro público do que da desfaçatez de como as autoridades tratam o sistema prisional.

Renato Perissinotto acho que são coisas inseparáveis: no Brasil, a percepção de que o Estado deve atender apenas a alguns é irmã da percepção de que preso é lixo.

Emerson Urizzi Cervi . Renato Perissinotto, concordamos nesse ponto. Acho que nossa discordância está no foco. Parece que você responsabiliza os gestores diretos do Estado pelas decisões, enquanto eu coloco na conta da sociedade que cobra determinado tipo de tratamento - com dinheiro público, sempre - para uns, diferente do tratamento dado a outros.

Renato Perissinotto então não discordamos em nada, pois é evidente que tanto a percepção de que alguns merecem tratamento especial pelo Estado como a percepção de que preso é lixo são amplamente partilhadas por grande parte da sociedade. Eu só quis chamar a atenção aqui para o fato de que, neste caso, uma lagosta e bem mais do que uma lagosta e que a desfaçatez da governadora do Maranhão está umbilicalmente ligada à sua política penitenciária. São duas visões de mundo inseparáveis.Por fim, um último comentário: é verdade que não é em todos os Estados que as facções criminosas transformam presídios em terra sem lei (será?), mas é verdade que em todos os Estados as condições carcerárias são medievais.

Bruno Fernandes Meus caros professores Emerson e Renato, concordo com tudo que disseram e tenho apenas uma questão: uma licitação destas em um momento como este não é uma grande falta de sensibilidade política? Acho que isto mostra a que o clã Sarney não precisa dar satisfações ao povo.

Emerson Urizzi Cervi Ruthinha Figueiredo acho que o problema nem é com os que se elegem, afinal, eles disputaram e ganharam uma eleição. O problema é com os habitués que nem isso fazem. Bruno Fernandes a sensibilidade política é inversamente proporcional ao tempo de carreira política pelos motivos expostos acima. E, hoje, surge nova informação: aquela penitenciária foi concessionada e é administrada por empresa privada. Ou seja, o governo também pode reclamar legalmente dos serviços prestados

Julian Yared Mas mestre, não poderia olhar de alguma maneira que o dinheiro gasto em coquetéis poderia ser investido na educação? Então vem o paradoxo que educação vem de casa. Mas os indivíduos que se desviam da sociedade geram um filho, este filho está fadado ao mesmo "resultado" dos pais? Pois a educação vem de casa.


Emerson Urizzi Cervi Então Julian Yared você está falando de um paradoxo maior ainda. Se educação vem de casa, mais investimento em educação formal/escolas teria efeito baixo ou nulo na mudança de comportamento. O fato é que as coisas não são tão simples assim. Não podemos aceitar que todo mundo considere normal determinados "mimos" feitos pelo Poder Público a determinadas camadas da sociedade brasileira. Há quem, inclusive, critique isso. Mas, infelizmente, apenas a crítica não basta. Se bastasse, nossos presídios não seriam as masmorras que são, pois há muita crítica interna e externa ao sistema penitenciário brasileiro.