sábado, 22 de outubro de 2011

O nada

O nada



é uma cantiga

que estoura

de um bolha

de sabão



espalhando tintas

silenciosas no vento

que desaparece...


Ricardo Letenski

sábado, 15 de outubro de 2011

Na sociedade capitalista desencantada ,onde tudo é transformado em mercadoria com preço estandardizado,onde através de mensagens subliminares,incitando ao entorpecido ouvinte ou telespectador a consumir por consumir,onde pela insistência de uma receita consagrada,um best-seller ou uma canção,que “emplacou” e por isso tem sido tocada nas rádios de forma total,sufocando a emergência de novos ritmos, por serem novos não possuem apelo de mercado,a cultura torna-se medíocre, empobrece inclusive os ouvires e olhares.

Tudo atende aos imperativos mercadológicos,se insere no sistema,é parte de uma ideologia,a qual é impercebida por uma platéia idiotizada,que se submete a ilusão da novela,perde o referencial reflexivo de sua condição de oprimida transformando-se em uma massa disforme de pão moldada pelo padeiro da indústria cultural.

Tal condição acontece ao invisibilizar movimentos ,que não atendem aos imperativos de valoração mercadológica das ‘commodities’ culturais contra àqueles os quais defendem a cultura como patrimônio intangível,alma de um povo,não de meros consumidores,mas de parte da nação a qual se identificam na leitura plural de suas manifestações.

É dado relevante a cooptação por parte dos mecanismos de mercado daqueles agentes contestadores do ‘status quo’ os quais são absorvidos oferecendo restrito espaço de manifestação de sua mensagem ,castrando e domesticando sua palavra e práxis.

Como deve ser fabricado e quem fabricará o espelho da suposta identidade,isso de fato é substantivo para a elite intelectual globalizada,da ‘world- music’ e de maneira geral,da geléia geral do que vem a ser típico do Brasil?

O meio transformou-se em mensagem,a arte pela arte ,hermeticamente apreciada pelos meios cultivados ou aquilo que explode no coração da massa na base da raça como traço de uma civilização tropical e miscigenada a qual parcela bem-nascida começa a não torcer tanto o nariz.

Quem definirá o que é cultura ,o Estado ou o mercado ,construir o edifício da consciência crítica ou trangenizar cultura com entretenimento com a idéia contrabandeada no riso ou dormindo em meio ao bombardeio de imagens?

A abertura para o diálogo com os sotaques e temperos brasileiros e latino-americanos ,enfim o banquete onde o alimento é o oferecido ou cai adicto ou ainda nossa dieta básica com o veneno da ideologia no sabor insosso de uma ‘junk-food’.

Precisar lutar com fundas e pedras contra Tanques ,uma atividade artesanal contra uma verdadeira indústria e fetiche que determina padrões não apenas às esfarrapadas periferias do planeta ,também na Europa,impõe cotas à discriminação e sobretudo a monumental assimetria em protesto contra o ‘dumping’,que se valendo dos argumentos mercadológicos transnacionais precisam salvaguardar a produção local e o multi-lateralismo cultural nessa guerra por hegemonia ,onde mitos e folclore ao invés de vir se amalgamar a substância local termina por anular a expressão nativa.

Quanto a referencia aos argumentos “de mercado” entenda-se não ao uso instrumental aceitando a tese de enquadrar cultura como mera mercadoria gerida por uma bolsa de valores e controlada por órgãos supranacionais como a OMC mas como sendo bem cultural o vínculo entre o povo com sua história como nação e o lugar onde se constituíram como sociedade singular.Para dar visibilidade a alma de um povo ,para trazer o reflexo da nossa imagem ,do pertencimento pátrio são necessárias políticas públicas ,fundamentais ao mesmo tempo com a visão mais comercial,elas não são excludentes.

O dirigismo estatal pode levar tanto a criação de uma imagem deformada e panfletária ,quanto a partir da discussão da identidade formar o nacional a partir da sua polifonia multi-cultural e não na moldura de um neo-realismo socialista ou a falsificação teatral fascista,mas é fundamental criar o caldo de cultura necessário para que a massa saia de sua condição de expectadora passiva de uma linguajem alienígena ,bela mas em sua maioria plana de substância.Que o estado tome partido de seu povo e não do poder ,do governo ,levar ao povo a ‘kultur’ livrando-o da barbárie.

A reflexão e a busca da sofisticação cognitiva a partir da ânsia por responder as inquietações que surgem a cada nova descoberta ,a cada página virada do cérebro ao ler,assistir uma peça ou película,escutar a melodia nos tornam mais distantes dos cães e das amebas.

Entretenimento e relaxamento ,remédio necessário mas em doses cavalares não passa de veneno.tanta gente com AVC cognitivo por ser bombardeada do acordar ao dormir,até quando pensamos estar nos “informando” através dos telejornais ,estamos apenas sendo telespectadores de um ‘show’ de notícias editadas por interesses comerciais.Quando lemos encartes culturais o que de fato estamos diante é de uma campanha publicitária de uma editora que pertence a um grupo empresarial que detém rádio, canal de televisão,provedor de internet.

É um dado da realidade ,a palavra encarquilhada “sistema” e blá,blá...é pedra se perpetuando.A sobreposição da aparência sobre a essência ,para dar uma embalagem ou uma mensagem de platitude é eficaz,embora deturpe e enfraqueça o alimento ao espírito ,entendido como a “massa-cinzenta” adiposada.

A luz que se insinua entre as trevas é a capacidade intuitiva ,ou a saturação do espetáculo por parte da massa ,o que se verifica no índice de vendas dos jornais e revistas ,o que leva os patrocinadores e financeiras a por mais brindes em oferta.”compre o peixe e leve o jornal”!

A função do intelectual é de varrer mitos e por” mãos- a- obra” junto à sociedade,participando das discussões candentes ,de fundo da urbe,cidadão e não estar confortavelmente se encastelando ,subindo ao topo da montanha para escapar do Tsunami da sociedade esfacelada e animalizada.

A revolução burguesa que desaguou no desencantamento do mundo,retirou a cultura dos palácios e das catedrais de veneração dos demiurgos e dos eupatridas para o comum das gentes.O que assistimos hoje é o retorno farsesco ao escapismo opiaceo espiritual contra as luzes que se mostraram em tal grau de explosões de tecnologia,claridade e drama termonuclear que pulverizou a certeza no determinismo libertador da ciência e da relevância da cultura como patrimônio de uma nação .Nação?cidadãos ou consumidores?Sem identidade com seu passado indiferentes portanto ao seu futuro ,gado ruminando num presente perpétuo sua ânsia por necessidades supérfluas que abarrotem sua existência de sem-vidas e sem rostos .

A nata está podre e pobre de conteúdo por se dobrar a mercadolatria midiocrática ,cultura não é uma commoditie ,a utopia reside no povo onde brota a alma da cultura onde foram pescar no passado músicos como Chopin, Bethoven,,



Wilson Roberto Nogueira.