domingo, 30 de outubro de 2016
Graciliano Ramos
sábado, 27 de agosto de 2016
E enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico
senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo,
cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas,
acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio
da vida.
.
— Machado de Assis, no livro “Quincas Borba”. São Paulo: Ática, 1998
O ‘massacre esquecido’: o genocídio de gregos e assírios.
O genocídio refere-se ao massacre em massa dos caldeus,
assírios e da população síria do Império Otomano durante a Primeira Guerra
Mundial. A população assíria da Mesopotâmia (de Tur Abdin, Hakkari, Van, Siirt,
regiões do atual sudeste da Turquia e da região noroeste do Irã, Úrmia) foram
deportadas e massacradas pelas forças turco-otomanas entre 1914 e 1920. As
estimativas sobre o número total de mortos variam. Relatórios contemporâneos
colocam o número em 270 mil, embora as estimativas recentes revisam o número
para 500 a 750 mil vítimas, representando cerca de 70% da população assíria do
período
Quase três milhões de cristãos assírios, armênios e gregos
foram assassinados pelos turcos otomanos islâmicos durante a Primeira Guerra
Mundial por causa de sua etnia e fé.
O genocídio assírio ocorreu no contexto semelhante e no
mesmo período de tempo do Genocídio armênio e do Genocídio Grego.
O genocídio dos gregos pônticos aconteceu nas províncias do
sudeste do Mar Negro, no Império Turco-Otomano durante o século XX pela
administração dos "Jovens Turcos". Tem sido argumentado que os
assassinatos continuaram durante o movimento nacional turco, liderado por
Mustafa Kemal Atatürk
Tudo isto aconteceu principalmente em meio a um momento em
que o Exército da Turquia derrotava os gregos na região durante a guerra dos
dois países e o processo turco de independência. Cidades como Gallipoli e
outras à beira do mar Egeu foram fortes alvos de perseguições, principalmente
focadas nos gregos pônticos (Oeste) e anatólios (mais a sul).
Segundo várias fontes, o número oficial de gregos mortos na
Anatólia foi de 300.000 para 360.000 homens, mulheres e crianças. Alguns dos
sobreviventes e refugiados, especialmente aqueles das províncias orientais,
refugiaram-se no vizinho Império Russo.
A Turquia, nega a veracidade histórica do genocídio armênio
e do genocídio assírio. Da mesma forma o genocídio armênio.
Fonte:
Arnold J. Toynbee, The Western question in Greece and Turkey: a study in the
contact of civilisations, Boston : Houghton Mifflin, 1922, p. 312.
"HÁ UMA PROFUNDA RUPTURA EM CURSO
André Singer
O julgamento de Dilma Rousseff, cujo início efetivo teve
lugar nesta quinta (25), no Senado, é mais importante pelo que oculta do que pelo
que revela. A observância meticulosa dos dispositivos legais do processo faz
parecer que tudo funciona de modo normal. Mas, por baixo da capa de legalidade,
está em curso um atentado, que pode ser mortal, ao espírito da Constituição de
1988.
Os que têm paciência de acompanhar os debates entre a defesa
e a acusação percebem que o tema de fundo é a política econômica desenvolvida
pela presidente afastada no seu primeiro mandato. Os questionados decretos de
suplementação orçamentária e pagamento do Plano Safra pelo Banco do Brasil,
ambos de 2015, são meros pretextos para trazer à tona aquilo que realmente
incomoda: os gastos de 2014.
Ocorre que tal conduta foi referendada nas urnas. Dilma
acabou reeleita porque, apesar dos pesares, manteve o emprego e a renda dos
trabalhadores, e isso não teria acontecido caso houvesse feitos os cortes que a
ortodoxia econômica propunha. O fato de ter depois realizado o ajuste recessivo
exigido, quando prometera não fazê-lo, é grave, mas não justifica o
impeachment.
Se justificasse, Sarney precisaria ter sido afastado em 1987
e FHC em 1999. Respeitada a soberania popular, caberia ao eleitorado julgar, em
2018, o destino das forças políticas envolvidas no processo, tal como aconteceu
em 1989 e 2002. Convém lembrar que, nos dois casos, a situação perdeu.
Mas, em decorrência da crise econômica, da Lava Jato e da
presença de Eduardo Cunha à frente da Câmara, abriu-se uma tripla janela de
oportunidade. Michel Temer enxergou a chance de chegar ao poder. Os partidos
conservadores vislumbraram a possibilidade de arruinar o PT, talvez para
sempre. Os capitais viram a oportunidade de fazer um acerto de contas com os
avanços sociais previstos desde 1988 e postos em prática, no ritmo homeopático
conhecido, pelo lulismo.
Por isso, a provável condenação de Dilma representa muito
mais do que a perda de dois anos de estadia no Alvorada pela atual mandatária.
Significa um golpe profundo contra a alma cidadã da Carta constitucional
vigente. A maior demonstração está na PEC 241, que cria o teto para os gastos
do Estado. Nas palavras do seu mentor, o ministro Henrique Meirelles, a 241 é
nada mais nada menos que "a primeira mudança estrutural na questão da
despesa pública desde a Constituição de 1988".
Até que ponto o conservador espírito de 2016 conseguirá
desfazer o que foi acumulado em torno de 1988 só a luta real dirá. Mas convém a
sociedade brasileira tomar consciência de que, por baixo dos formalismos
senatoriais, há uma violenta ruptura em curso nestes dias."
A imprensa brasileira, está estacionada no século XIX
inconsolável até hoje com a abolição. Não se recuperou do trauma da derrota
para os abolicionistas. Aquele quadro patriarcal que aparece na foto oficial de
Temer e seus homens brancos, ricos, corruptos da confraria dos bodes velhos, se
parace com o do grupo que se opôs aos clube republicano que centralizava as
grandes questões nacionais do século XIX, entre elas, a abolição. Isso me veio
a cabeça depois de ler o artigo pró-golpe de Demetrios Magnoli hoje na Folha.
Todos sabem que entre os brasileiros, Demetrios é o escravocrata o mais
revoltado com a abolição e, "no campo das ideias", vive convocando
gente através de seus livros, patrocinados pelos "Instituto
Millenium" da Globo, para a recriação das senzalas.
Carlos Henrique Machado Freitas
Marcadores:
Carlos Henrique Machado Freitas
Nos iremos, me iré con los que aman
Silvina Ocampo
Nos iremos, me iré con los que aman,
dejaré mis jardines y mi perro
aunque parezca dura como el hierro
cuando los vientos vagabundos braman.
Nos iremos, tu voz, tu amor me llaman:
dejaré el son plateado del cencerro
aunque llegue a las luces del desierto
por ti, porque tus frases me reclaman.
Buscaré el mar por ti, por tus hechizos,
me echaré bajo el ala de la vela,
después que el barro zarpe cuando vuela
la sombra del adiós. Como en los fríos
lloraré la cabeza entre tu mano
lo que me diste y me negaste en vano.
MÁS POEMAS DE SILVINA OCAMPO
Biblioteca Digital Ciudad Seva
El presidente del jurado
Charles Dickens
Han pasado ya algunos años desde que se cometió en
Inglaterra un asesinato que atrajo poderosamente la atención pública. En
nuestro país se oye hablar con bastante frecuencia de asesinos que adquieren
una triste celebridad. Pero yo hubiese enterrado con gusto el recuerdo de aquel
hombre feroz de haber podido sepultarlo tan fácilmente como su cuerpo lo está
en la prisión de Newgate. Advierto, desde luego, que omito deliberadamente
hacer aquí alusión alguna a la personalidad de aquel hombre.
Cuando el asesinato fue descubierto, nadie sospechó -o,
mejor dicho, nadie insinuó públicamente sospecha alguna- del hombre que después
fue procesado. Por la circunstancia antes expresada, los periódicos no
pudieron, naturalmente, publicar en aquellos días descripciones del criminal.
Es esencial que se recuerde este hecho.
Al abrir, durante el desayuno, mi periódico matutino, que
contenía el relato del descubrimiento del crimen, lo encontré muy interesante y
lo leí con atención. Volví, incluso, a leerlo otra vez, o quizá dos. El
descubrimiento había tenido lugar en un dormitorio. Cuando dejé el diario tuve
la impresión, fugaz, como un relámpago, de que veía pasar ante mis ojos aquella
alcoba. Semejante visión, aunque instantánea, fue clarísima, tanto que hasta
pude observar, con alivio, la ausencia del cuerpo de la víctima en el lecho
mortuorio.
Esta curiosa sensación no se produjo en ningún lugar
misterioso, sino en una de las vulgares habitaciones de Piccadilly en que me
alojaba, próxima a la esquina de St. James Street. Y fue una experiencia nueva
en mi vida.
En aquel instante me hallaba sentado en mi butaca, y la
visión fue acompañada de un estremecimiento tan fuerte, que la desplazó del
lugar en que se encontraba; si bien procede advertir que las patas de la butaca
terminaban en sendas ruedecillas. A continuación me acerqué a una ventana (la
habitación, situada en un segundo piso, tenía dos) a fin de tranquilizarme con
la visión del animado tráfago de Piccadilly.
Era una luminosa mañana de otoño y la calle se extendía ante
mí resplandeciente y animada. Soplaba un fuerte viento. Al asomarme, el viento
acababa de levantar numerosas hojas caídas en el parque, elevándolas y formando
con ellas una columna en espiral. Cuando la columna se derrumbó y las hojas se
dispersaron, vi a dos hombres en el lado opuesto de la calle, caminando de
oeste a este. Iban uno tras otro. El primero miraba con frecuencia hacia atrás,
por encima del hombro. El segundo lo seguía a una distancia de unos treinta
pasos, con la mano derecha levantada amenazadoramente. Al principio, la
singularidad de tal actitud en una avenida tan frecuentada atrajo mi atención,
pero en seguida se desvió hacia otra y más notable particularidad: nadie
reparaba en ellos. Ambos hombres se movían entre los demás peatones con una
suavidad increíble, aun sobre aquel pavimento tan liso, y nadie, según pude
observar, los rozaba, los miraba o les abría paso. Al llegar ante mi ventana
los dos dirigieron su mirada hacia mí. Entonces distinguí sus rostros con toda
claridad y me di cuenta de que podría reconocerlos en cualquier parte; no se
crea por esto que yo aprecié conscientemente nada de extraordinario en sus
rostros, excepto el detalle de que el hombre que iba en primer lugar tenía un
aspecto muy abatido y que la faz de su perseguidor era del mismo tono de la
cera sin refinar.
Soy soltero y toda mi servidumbre se limita a un criado y su
mujer. Trabajo en la filial de un banco, como jefe de un negociado, y debo
agregar que desearía sinceramente que mis deberes fuesen tan leves como
generalmente se supone. Lo digo porque esos deberes me retenían en la ciudad
aquel otoño, a pesar de hallarme muy necesitado de reposo y de un cambio de
ambiente. No es que estuviese enfermo, pero no me encontraba bien. El lector se
hará cargo de mi estado si le digo que me sentía cansado, deprimido por la
sensación de llevar una vida monótona y “ligeramente dispéptico”. Mi médico,
hombre de mucho prestigio profesional, me aseguró, a requerimiento mío, que
éste era mi verdadero estado de salud en aquella época; que no padecía ninguna
enfermedad ni grave depresión, y yo cito sus palabras al pie de la letra.
A medida que las circunstancias del asesinato iban
intrigando gradualmente al público, yo procuraba alejarlas de mi cerebro tanto
como era posible alejar un objeto del interés y comentarios generales. Supe que
se había dictado un veredicto previo de asesinato con premeditación y alevosía
contra el presunto criminal, y que éste había sido conducido a Newgate para que
estuviese presente cuando se dictara sentencia definitiva. Me enteré,
igualmente, de que el proceso quedaba aplazado para una de las próximas
audiencias de la Sala Central de lo Criminal, fundándose en algún precepto de
la Ley y en la necesidad de dejar tiempo al abogado para preparar la defensa.
Es posible también que yo me enterase, aunque creo que no, de la fecha exacta o
aproximada en que debía celebrarse la vista de la causa.
Mi salón, dormitorio y tocador se encuentran en el mismo
piso. La última de dichas habitaciones sólo tiene entrada por el dormitorio.
Cierto que tiene también una puerta que da a la escalera, pero, en el tiempo
que nos ocupa, hacía años ya que mi baño la obstruía, por tanto la habíamos
inutilizado, cubriéndola de arpillera claveteada.
Una noche, a hora bastante avanzada, estaba yo en mi alcoba,
dando instrucciones al criado antes de acostarme; la puerta que comunicaba con
el cuarto de baño que daba frente a mí, en aquel momento estaba cerrada. Mi
criado daba la espalda a la puerta. Y he aquí que, de repente, vi abrirse
aquella puerta y aparecer a un hombre que reconocí en el acto y que me hizo una
misteriosa señal. Era el segundo de los dos que caminaban aquel día en
Piccadilly, el que tenía la cara del color de la cera sin refinar.
Hecho aquel signo, la figura retrocedió y cerró la puerta de
nuevo. Rápidamente me acerqué a la puerta del tocador, la abrí y miré. Yo tenía
en la mano una vela encendida. No esperaba encontrar a nadie allí, y, en
efecto, no encontré a nadie.
Comprendiendo que mi criado estaba sorprendido, me volví
hacia él y le dije:
-¿Creería usted, Derrick, que a pesar de encontrarme en la
plenitud de mis facultades he imaginado ver…?
Al hablar, apoyé mi mano en su hombro. Con un repentino
sobresalto, él exclamó:
-¡Oh, Dios mío, sí! Ha visto usted a un muerto que le hacía
señales.
No creo que Juan Derrick, devoto y honrado servidor mío
durante más de veinte años, hubiese captado la situación antes de que yo lo
tocase. Su reacción, cuando apoyé mi mano sobre él, fue tan súbita, que albergo
la firme certeza de que la provocó aquel contacto.
Pedí a Derrick que me trajese coñac, le ofrecí una copa y yo
tomé otra. No le dije ni una palabra sobre lo que me había sucedido
anteriormente. Me sentía seguro de no haber visto nunca aquel rostro fantasma,
salvo la mañana de Piccadilly.
Pasé la noche muy inquieto, aunque sintiendo cierta
certidumbre, difícil de explicar, de que la aparición no volvería. Al apuntar
el día caí en un pesado sueño, del que me despertó Derrick cuando entró en mi
habitación con una papel en la mano.
Aquel papel había motivado una ligera discusión entre su
portador y mi sirviente. Era una citación para concurrir como jurado a una
próxima sesión de la Audiencia. Yo nunca había sido requerido como jurado, y
Juan Derrick lo sabía. Él opinaba -aun hoy no sé a punto fijo si con razón o
no- que era costumbre nombrar jurados a personas de menor categoría que yo y no
quiso, en consecuencia, aceptar la citación. El hombre que la llevaba tomó la
negativa de mi criado con mucha frialdad. Dijo que mi asistencia o no
asistencia al tribunal le tenía sin cuidado, y que su cometido se limitaba a
entregar la citación.
Durante un par de días estuve indeciso entre asistir o no.
No sentí, en verdad, la menor influencia misteriosa en ningún sentido. Estoy
tan absolutamente seguro de esto como de todo lo que estoy narrando. Por
último, resolví asistir, ya que de este modo rompería la monotonía de mi vida.
La mañana de la cita resultó ser una muy cruda del mes de
noviembre. En Piccadilly había una densa niebla que se oscurecía por momentos
hasta adquirir una negrura opresiva.
Cuando llegué al Palacio de Justicia, encontré los pasillos
y escaleras que conducían a la sala del tribunal iluminados por luces de gas.
La sala estaba alumbrada de igual modo. Creo sinceramente que hasta que los
ujieres no me condujeron a ella y vi la concurrencia que se apiñaba allí, no
recordé que la vista del proceso por el mencionado asesinato se celebraba aquel
día. Incluso me parece que hasta que, no sin considerables dificultades por el
mucho gentío, fui introducido en la sala de lo criminal, ignoré si se me citaba
a ésta o a otra. Pero lo que ahora señalo no debe considerarse como un aserto
positivo, porque este extremo no está suficientemente aclarado en mi mente.
Me senté en el lugar de los jurados y, mientras esperaba,
contemplé la sala a través del espeso vapor mixto de niebla y vaho de
respiraciones que constituía su atmósfera. Observé la negra bruma que se
cernía, como sombrío cortinón, más allá de las ventanas, y escuché el rumor de
las ruedas de los vehículos sobre la paja o el serrín que alfombraba el
pavimento de la calle. Oí también el murmullo de la concurrencia, sobre el que
a veces se elevaba alguna palabra más fuerte, alguna exclamación en voz alta,
algún agudo silbido. Poco después entraron los magistrados, que eran dos, y
ocuparon sus asientos. Se acalló el rumor en la sala, y se dio la orden de
hacer comparecer al acusado. En el mismo instante en que se presentó lo
reconocí como el primero de los dos hombres que yo viera caminando por
Piccadilly.
Si mi nombre hubiese sido pronunciado en aquel instante,
creo que no hubiese tenido ánimos para responder. Pero como lo mencionaron en
sexto u octavo lugar, me encontré con fuerzas para contestar: “¡Presente!”
Y ahora, lector, fíjese en lo que sigue. Apenas hube ocupado
mi lugar, el preso, que nos estaba mirando a todos con fijeza, pero sin dar
muestras de interés particular, experimentó una agitación violenta e hizo una
señal a su abogado. Tan manifiesto era el deseo del acusado de que me
sustituyesen, que ello provocó una pausa, en el curso de la cual el defensor,
apoyando la mano en la barra, cuchicheó con su defendido, moviendo la cabeza.
Supe luego -por el propio abogado- que las primeras y presurosas palabras del
acusado habían sido éstas: “Haga sustituir a ese hombre como sea”. Pero, al no
alegar razón alguna para ello, y habiendo de reconocer que no me conocía ni
había oído mi nombre hasta que lo pronunciaron en la sala, no fue atendido su
deseo.
Como no deseo avivar la memoria de la gente respecto a aquel
asesino, y también porque no es indispensable para mi relato narrar al detalle
los incidentes del largo proceso, me limitaré a citar las particularidades que
nos acontecieron a los jurados y a mí durante los diez días, con sus noches, en
que estuvimos juntos. Mencionaré, sobre todo, las curiosas experiencias
personales que atravesé. Es en este aspecto, y no acerca del asesino, sobre lo
que quiero despertar el interés del lector.
Me designaron presidente del jurado. En la segunda mañana
del proceso, después de invertir más de dos horas en examinar las piezas de
convicción -yo podía saber el transcurso del tiempo porque oía la campana del
reloj de una iglesia-, habiéndoseme ocurrido dirigir la mirada a mis compañeros
de jurado, encontré una inexplicable dificultad en contarlos. Los enumeré
varias veces y siempre con la misma dificultad. En resumen, contaba uno de más.
Toqué suavemente al más próximo a mí y le cuchicheé:
-Hágame el favor de contarnos.
Él, aunque pareció sorprendido por la petición, volvió la
cabeza y nos contó a todos.
-¡Pero si somos trece! -exclamó-. No, no es posible. Uno,
dos… Somos doce.
A través de mis cálculos de aquel día saqué en limpio que
éramos siempre doce si se nos enumeraba individualmente, pero que siempre salía
uno de más si nos considerábamos en conjunto. Éramos doce, pero alguien se nos
agregaba con insistencia, y yo, en mi fuero interno, sabía de quién se trataba.
Nos
alojaron en la London Taverns. Dormíamos todos en un amplio aposento, en
lechos individuales, y estábamos constantemente atendidos y vigilados por un
funcionario. No veo razón alguna para omitir el verdadero nombre de aquel
funcionario. Era un hombre inteligente, amabilísimo, cortés y muy respetado.
Tenía una agradable apariencia, bellos ojos, patillas envidiablemente negras y
voz agradable y bien timbrada. Se llamaba Harker.
Nos acostamos en nuestros lechos respectivos. El de Harker
estaba colocado transversalmente ante la puerta. La segunda noche, como no
sentía deseos de dormir y vi que Harker permanecía sentado en su cama, me
acerqué a él, me senté a su lado y le ofrecí un poco de rapé. Su mano rozó la
mía al tocar la tabaquera y en el acto le agitó un estremecimiento y exclamó:
-¿Qué es eso?
Siguiendo la dirección de su mirada divisé a quien esperaba
ver: el segundo de los hombres de Piccadilly. Me incorporé, anduve unos cuantos
pasos, me paré y miré a Harker. Éste, que ya no sentía la menor turbación, me
dijo con toda naturalidad, riendo:
-Me había parecido por un momento que había un jurado de
más, aunque sin cama. Pero es un efecto de la luz de la luna.
Sin hacer revelación alguna al señor Harker, me limité a
proponerle que diéramos una paseíto de un extremo a otro de la habitación.
Mientras andábamos procuré vigilar los movimientos de la misteriosa figura.
Ésta se detenía por unos instantes a la cabecera de cada uno de mis once
compañeros de jurado, acercándose mucho a la almohada. Seguía siempre el lado
derecho de cada cama, y cruzaba ante los pies para dirigirse a la siguiente.
Por los movimientos de su cabeza parecía que se limitaba a mirar, pensativo, a
cada uno de los que descansaban. No reparó en mí ni en mi lecho, que era el más
próximo al rayo de luz lunar que penetraba por una ventana alta. Aquella figura
desapareció como por una escalera aérea. Por la mañana, al desayunar, resultó
que todos habían soñado con la víctima del crimen, excepto Harker y yo.
Acabé por quedar convencido de que el segundo de los hombres
que yo viera en Piccadilly -si podía aplicársele la expresión “hombre”- era el
asesinado, persuasión que tuve mediante su testimonio directo. Pero esto
sucedió de una manera para la cual yo no estaba preparado.
El quinto día de la vista, cuando iba a cerrarse el capítulo
de cargos, fue mostrada una miniatura del asesinado que se había echado de
menos en el lugar del crimen, encontrándose después en un lugar recóndito donde
el asesino había estado practicando una fosa. Una vez identificada por los testigos,
fue pasada al tribunal y examinada por el jurado. Mientras un funcionario
vestido con una toga negra nos la iba entregando a todos, la figura del hombre
que yo viera en segundo lugar en Piccadilly surgió impetuosamente de entre la
multitud, asió la miniatura de manos del funcionario, la puso en las mías y,
antes de que yo viera la miniatura, que iba en un dije, me dijo, en tono bajo y
profundo:
-Yo era entonces más joven y la sangre no había desaparecido
de mi rostro como ahora.
Luego la aparición se situó entre mi persona y la del
siguiente jurado a quien yo había de entregar la miniatura, y a continuación
entre éste y el otro jurado, y así sucesivamente hasta que el objeto volvió a
mi poder. Ninguno, salvo yo, reparó en la aparición.
Cuando nos sentábamos a la mesa y, en general, siempre que
nos encerrábamos juntos bajo la custodia del señor Harker, los componentes del
jurado discutíamos mucho acerca del asunto que nos ocupaba. El quinto día,
terminado el capítulo de cargos y teniendo, por lo tanto, este lado de la
cuestión completamente claro ante nosotros, nuestra discusión se hizo más
reflexiva y seria.
Figuraba entre nosotros cierto sacristán -el hombre más
obtuso que he visto en mi vida- que oponía a las más claras evidencias las más
absurdas objeciones, apoyado por dos hombres de poco carácter que le conocían
por frecuentar su misma parroquia. Por cierto que aquellas gentes pertenecían a
un distrito tan castigado por las fiebres epidémicas, que más bien debían haber
solicitado un proceso contra ellas como causantes de quinientos asesinatos, por
lo menos. Cuando aquellos testarudos se hallaban en la cúspide de su
elocuencia, que fue hacia medianoche, y todos nos disponíamos a abandonarlos e
irnos a la cama, volvía a ver al hombre asesinado. Se detuvo detrás de ellos y
me hizo una señal. Al acercarme a aquellos hombres e intervenir en su
conversación, lo perdí de vista. Éste fue el principio de una serie
interminable de apariciones, limitadas por entonces al vasto aposento en que el
jurado se hallaba reunido. En cuanto varios se agrupaban para hablar, yo veía
surgir entre ellos la cabeza del asesinado. Siempre que los comentarios lo
desfavorecían, me hacía imperiosos e irresistibles signos para que lo
defendiera.
Téngase en cuenta que desde el quinto día, cuando se exhibió
la miniatura, yo no había vuelto a ver la aparición en la sala del juicio. Tres
novedades se produjeron en esta situación tan pronto como entramos en el
tribunal para oír el alegato de la defensa. En primer lugar mencionaré juntos
dos de ellos. La figura permanecía continuamente en la sala y no me miraba
nunca; dedicaba su atención a la persona que estaba hablando en el momento. El
asesinato se había cometido mediante el degüello de la víctima, y en el curso
de la defensa se insinuó la posibilidad de que se tratase no de un crimen, sino
de suicidio. En aquel instante, la aparición, colocándose ante los mismos ojos
del defensor, y situando la garganta en la horrible postura en que fuera
descubierta, comenzó a accionar ante la tráquea, ora con la mano derecha, ora
con la izquierda, como para sugerir al abogado la imposibilidad de que semejante
herida pudiese ser causada por la víctima. La segunda novedad consistió en que,
habiendo comparecido como testigo de descargo una mujer respetable, que afirmó
que el asesino era el mejor de los hombres, la aparición se plantó ante ella,
mirándola al rostro, y señaló con el brazo extendido la mala catadura del
asesino.
Pero fue la tercera de las aludidas novedades la que
consiguió emocionarme con más intensidad. No trato de teorizar sobre ello: me
limito a someterlo a la consideración del lector. Aunque la aparición no era
vista por la persona a quien se dirigía, no es menos cierto que tal persona
sufría invariablemente algún estremecimiento o desasosiego súbito. Me parecía
que a aquel ser le estuviera vedado, por leyes desconocidas, hacerse visible,
pero por el contrario podía influir sobre sus mentes. Así, por ejemplo, cuando
el defensor expuso la hipótesis de una muerte voluntaria y la aparición se
situó ante él realizando aquel lúgubre simulacro de degüello, es innegable que
el defensor se alteró, perdió por unos instantes el hilo de su hábil discurso,
se puso extremadamente pálido y hasta hubo de secarse la frente con un pañuelo.
Y cuando la aparición se colocó ante la respetable testigo de descargo, los
ojos de ésta siguieron, sin duda alguna, la dirección indicada por el fantasma
y se fijaron, con evidente duda y titubeo, en el rostro del acusado. Bastarán,
para que el lector se haga cargo completo de todo, dos detalles más. El octavo
día de las sesiones, tras una pausa que hacía diariamente a primera hora de la
tarde para descansar y tomar algún alimento, yo regresé a la sala con los demás
jurados poco antes que los jueces. Al instalarme en mi asiento y mirar en
torno, no distinguí la aparición, hasta que, alzando los ojos hacia la tribuna,
vi al espectro inclinarse por encima de una mujer de atractivo aspecto, como
para asegurarse de si los magistrados estaban ya en sus sitiales o no.
Inmediatamente, la mujer lanzó un grito, se desmayó y hubo que sacarla de la
sala. Algo análogo sucedió con el respetable y prudente juez instructor que
había incoado el proceso. Cuando la causa estuvo concluida y él comenzaba a
ordenar los autos correspondientes, el hombre asesinado, entrando por la puerta
de los jueces, se acercó al pupitre y por encima de su hombro miró los papeles
que hojeaba el magistrado. En el rostro del magistrado se produjo un cambio, su
mano se detuvo, su cuerpo se estremeció con el peculiar temblor que yo conocía
tan bien, y al fin hubo de murmurar:
-Perdónenme unos momentos, señores. Este aire tan viciado me
ha producido cierta opresión…
No se repuso hasta después de beber un vaso de agua.
A través de la monotonía de seis de aquellos interminables
días, siempre los mismos jurados y jueces en el estrado, el mismo asesino en el
banquillo, los mismos letrados en la barra, las mismas preguntas y respuestas
elevándose hacia el techo de la sala, el mismo raspar de la pluma del juez, los
mismos ujieres entrando y saliendo, las mismas luces encendidas a la misma hora
cuando el día había sido relativamente claro, la misma cortina de niebla fuera
de la ventana cuando había bruma, la misma lluvia batiente y goteante cuando
llovía, las mismas huellas de los pies de los celadores y del acusado sobre el
serrín, las mismas llaves abriendo y cerrando las mismas pesadas puertas; a
través, repito, de aquella fatigosa monotonía que me llevaba a sentirme
presidente de jurado desde una época remotísima, y me recordaba el episodio de
Piccadilly como si se hubiera producido en tiempos contemporáneos a los de
Babilonia, la figura del hombre asesinado no perdió ni un ápice de nitidez ante
mis ojos. No debo omitir tampoco el hecho de que la aparición que designo con
la expresión “el hombre asesinado” no fijó ni una sola vez la vista en el
criminal. Yo me preguntaba repetidamente: “¿Por qué no lo mira?” Pero no lo
miró.
Tampoco me miró a mí, desde el día en que se mostró la
miniatura, hasta los últimos minutos de la vista, ya conclusa del todo la
causa. Nos retiramos a estudiarla a las diez menos siete minutos de la noche. El
estúpido sacristán y sus dos amigos nos originaron tantas complicaciones, que
hubimos de volver dos veces a la sala para pedir que se nos releyesen los
extractos de las notas del juez instructor. Ninguno de nosotros, y creo que
nadie en la sala, tenía la menor duda sobre aquellos pasajes, pero el testarudo
triunvirato, que no se proponía más que obstruir, discutía sobre ellos sólo por
esta razón. Al fin prevaleció el criterio de los demás y el jurado volvió a la
sala a las doce y diez.
Esta vez el muerto permanecía de cara al jurado en el
extremo opuesto de la sala. Cuando me senté, sus ojos se fijaron en mí con gran
detenimiento. El examen pareció dejarlo satisfecho, porque a continuación
extendió lentamente, primero sobre su cabeza y luego sobre toda su figura, un
amplio velo gris que llevaba al brazo por primera vez.
Cuando yo emití nuestro veredicto de culpabilidad, el velo
se dibujó, todo desapareció ante mis ojos, y el lugar que ocupaba el hombre
asesinado quedó vacío.
El asesino, interrogado por el juez, como de costumbre,
acerca de si tenía algo que alegar antes de que se pronunciase la sentencia,
murmuró algunas confusas palabras que los periódicos del día siguiente
calificaron de “breves frases titubeantes, incoherentes y casi ininteligibles, en
las que pareció entenderse que se lamentaba de no haber sido condenado con
justicia, ya que el presidente del jurado estaba predispuesto contra él”. Pero
la extraordinaria declaración que el acusado hizo en realidad fue ésta:
-Señoría: me constaba que yo era hombre perdido desde que vi
sentarse en su puesto al presidente del jurado. Me constaba, Señoría, que no
permitiría que saliese libre, porque, antes de que me detuviesen, él, no sé
cómo, penetró una noche en mi habitación, se acercó a mi cama, me despertó y me
pasó una cuerda alrededor del cuello.
FIN
Biblioteca Digital Ciudad Seva
El futuro
Julio Cortázar
Y sé muy bien que no estarás.
No estarás en la calle
en el murmullo que brota de la noche
de los postes de alumbrado,
ni en el gesto de elegir el menú,
ni en la sonrisa que alivia los completos en los subtes
ni en los libros prestados,
ni en el hasta mañana.
No estarás en mis sueños,
en el destino original de mis palabras,
ni en una cifra telefónica estarás,
o en el color de un par de guantes
o una blusa.
Me enojaré
amor mío
sin que sea por ti,
y compraré bombones
pero no para ti,
me pararé en la esquina
a la que no vendrás
y diré las cosas que sé decir
y comeré las cosas que sé comer
y soñaré los sueños que se sueñan.
Y se muy bien que no estarás
ni aquí dentro de la cárcel donde te retengo,
ni allí afuera
en ese río de calles y de puentes.
No estarás para nada,
no serás mi recuerdo
y cuando piense en ti
pensaré un pensamiento
que oscuramente trata de acordarse de ti.
Biblioteca Digital Ciudad Seva
Al sueño
John Keats
Suave embalsamador de la rígida medianoche,
que cierras con cuidadosos dedos
nuestros ojos que ansían ocultarse de la luz,
envueltos en la penumbra de un olvido celestial;
oh dulcísimo sueño, si así te place, cierra,
en medio de tu canto, mis ojos anhelantes,
o aguarda el ‘Así sea’, hasta que tu amapola
derrame sobre mi lecho los dones de tu arrullo.
Líbrame, pues, o el día que se fue volverá
a alumbrar mi almohada, engendrando aflicciones;
de la conciencia líbrame, que impone, inquisitiva,
su voluntad en lo oscuro, hurgando como un topo;
gira bien, con la llave, los cierres engrasados,
y sella así la urna silenciosa de mi espíritu.
Biblioteca Digital Ciudad Seva
Caros, qual a consequência da ausência dos senadores, juízes
do caso, durante a produção probatória relativa ao pedido de impedimento da
presidente eleita? Se o "quorum" foi atendido, aberto o ato, as
pessoas que se ausentaram podem votar? E aqueles que afirmaram a presença e
saíram, praticaram algum crime? Se alguns senadores já estão convencidos,
alguns tendo, inclusive, declarado como vão votar, antes mesmo da produção
probatória, eles podem participar do julgamento? À luz da principiologia
constitucional (imparcialidade, contraditório, ampla defesa, etc.) e demais
princípios e regras (dentre eles, o que exige o contato direto do julgador com
a prova), o que fazer? Ainda é possível falar em respeito ao devido processo
legal ou mesmo em democracia diante das circunstâncias desse julgamento?
Rubens Casara
segunda-feira, 14 de março de 2016
Assinar:
Postagens (Atom)