" Dilma tende a vencer porque a oposição só
apresenta nomes e propostas bem piores do que a atual média governamental. O
PSDB confirma a sua vocação neoliberal e oligárquica com um Aécio Neves.
Eduardo Campos apoiava o governo Dilma e o PT até o mês passado e tal como
Aécio é o resultado da reprodução da classe dominante via o tradicional
nepotismo familiar de avô para neto. Campos dificilmente empolgará
nacionalmente muito além do seu fraco partido, agora rachado com a saída dos
vizinhos cearenses da família Gomes. Marina não decolou além da sua restrita
base de evangélicos e ambientalistas, mesmo turbinada pela mídia na eleição
passada, não teve a capacidade de criar mais uma legenda de aluguel para tentar
imitar um Collor no PRN ou um Jânio no PTN. Joaquim Barbosa, tal como Marina,
outra cria direta de Lula, parece estar cada vez mais afastado pelas suas
contradições e perseguições aos jornalistas. Barbosa parece estar mais adequado
ao apartamento dele em Miami do que ao Palácio do Planalto.
O governo de Dilma segue na média (diriam os otimistas que é
a norma política real possível na velocidade de cruzeiro da coalizão
majoritária e os pessimistas diriam que é a continuidade da tradicional
mediocridade política de Brasília). A corrupção não é diferente dos outros
períodos nos últimos 500 anos, bem como a desigualdade social estrutural
persiste, mas até caiu substancialmente um pouco nos últimos 10 anos. A
economia cresce positivamente, cresce mais do que no ano passado, devendo o PIB
crescer um pouco abaixo de 3% em 2013, um resultado razoável para um ano de
crise mundial. O emprego está bom e continua crescendo, houve um grande aumento
no número de trabalhadores com novas carteiras de trabalho. Os dissídios, as
greves e a grande maioria das convenções conseguiram salários elevados acima da
inflação, mas ainda considerados internacionalmente baixos, porém os mais altos
nos últimos 50 anos no país. A indústria automotiva cresce, o Brasil ultrapassou
a Alemanha e agora passa a ser o quarto país que mais vende carros no mundo. A
política social e a bolsa família compensam um pouquinho os privilégios da
bolsa-ricos dos juros. O governo tem boa avaliação entre os mais pobres e que
precisam de muito mais políticas sociais. A infraestrutura segue enrolada, o
que também não é novidade ou exclusividade do atual período e precisa ser
melhorada. A saúde motiva o popular programa de mais médicos importados, os
indicadores sociais de saúde melhoraram nos últimos 10 anos, mas são
necessários mais investimentos e muitas outras políticas na área. A educação
segue na média, algumas novidades na criação de mais instituições federais, mas
continuam longas greves, como a dos professores das federais e de redes estaduais
e municipais mais politizadas. A ilusória política de cotas não conseguiu
esconder o fato do aumento do número de analfabetos, ainda que causado pelo
aumento da expectativa de vida e da longevidade dos idosos nordestinos pobres.
As manifestações de junho foram muito mais um protesto de
segmentos insatisfeitos com temas genéricos do que uma expressão política
somente dirigida contra a então alta popularidade artificial de Dilma no começo
do ano. Três forças motrizes organizadas e absolutamente incompatíveis entre si
procuraram se aproveitar das manifestações espontâneas: A extrema-esquerda, a
direita e a mídia-manipuladora-partido-de-oposição. Após mais de dez anos de
análises de conjuntura equivocadas e de derrotas políticas em comum, o
desespero dos três grupos convergiu e procuraram passar a falsa impressão de um
país instável e em crise, tentando derrubar a ordem vigente da coalizão
Lulo-Dilmista. Por mais que tentem inventar uma imaginária e terrível crise
existencial, moral, política, social e econômica, a realidade é bem outra.
Dilma, o PT e os seus aliados e simpatizantes seguram bem pelo menos 40% do
eleitorado e permanecem regularmente na frente como favoritos à reeleição, o
que os coloca com a força hegemônica mais viável na corrida presidencial de
2014.
Dilma e o PT deveriam aproveitar os protestos para avançarem
nacionalmente na política do transporte coletivo urbano, encamparem e
estatizarem o sistema coletivo de transportes urbanos das poucas famílias
privadas empresariais do setor, criarem metrôs no sistema chinês. Dilma e o PT
devem pensar grande e com qualidade para investirem em um real projeto de
ampliação da educação de qualidade pública e gratuita, muito além da
fraquíssima e limitadíssima política de cotas, se quiserem reverter o aumento
do analfabetismo e quiserem dar um salto nacional efetivo de qualidade na
educação. Continuar avançando na criação e ampliação de políticas sociais
urbanas e rurais. Uma política nacional de saneamento e a erradicação completa
de trabalho infantil estão no horizonte das possibilidades. Políticas nacionais
de segurança e direitos humanos para a ampliação da segurança pública. Outro
poderoso neo aliado estratégico do governo federal é o agronegócio, o salvador
da lavoura e das exportações nos últimos anos. A agricultura familiar e o
agronegócio devem ser estimulados conjuntamente a colonizar novas áreas no
Centro-Oeste e na Amazônia, implementando 500.000 pequenos agricultores e
sem-terra no Pará, somente com a construção da nova rodovia PA-167 e com a construção
das novas usinas hidrelétricas na Amazônia. Lembremos que os brasileiros são os
descendentes diretos dos arrojados bandeirantes, negros e tupis, que realizaram
a unificação política da placa Centro-Atlântico-Amazônica, a metade da América
do Sul, ocupada bravamente pela nossa gente e língua. Os produtores rurais
querem estabilidade, apoio à produção e distribuição de suas megassafras em
expansão.
A maioria do eleitorado brasileiro tem a plena consciência
que a vida melhorou nos últimos dez anos e que Dilma e o PT são os mais
capacitados para continuarem a enfrentar os problemas para os próximos quatro
anos. Com políticas ousadas e determinadas no transporte urbano coletivo, na
educação, na ciência, na tecnologia, na infraestrutura e na agropecuária, um
segundo governo 2015-2018 estará garantido com sucessos bem acima da média do
período 2011-2014."
Ricardo Costa de Oliveira