domingo, 6 de outubro de 2013

Análise de conjuntura

" Dilma tende a vencer porque a oposição só apresenta nomes e propostas bem piores do que a atual média governamental. O PSDB confirma a sua vocação neoliberal e oligárquica com um Aécio Neves. Eduardo Campos apoiava o governo Dilma e o PT até o mês passado e tal como Aécio é o resultado da reprodução da classe dominante via o tradicional nepotismo familiar de avô para neto. Campos dificilmente empolgará nacionalmente muito além do seu fraco partido, agora rachado com a saída dos vizinhos cearenses da família Gomes. Marina não decolou além da sua restrita base de evangélicos e ambientalistas, mesmo turbinada pela mídia na eleição passada, não teve a capacidade de criar mais uma legenda de aluguel para tentar imitar um Collor no PRN ou um Jânio no PTN. Joaquim Barbosa, tal como Marina, outra cria direta de Lula, parece estar cada vez mais afastado pelas suas contradições e perseguições aos jornalistas. Barbosa parece estar mais adequado ao apartamento dele em Miami do que ao Palácio do Planalto.
O governo de Dilma segue na média (diriam os otimistas que é a norma política real possível na velocidade de cruzeiro da coalizão majoritária e os pessimistas diriam que é a continuidade da tradicional mediocridade política de Brasília). A corrupção não é diferente dos outros períodos nos últimos 500 anos, bem como a desigualdade social estrutural persiste, mas até caiu substancialmente um pouco nos últimos 10 anos. A economia cresce positivamente, cresce mais do que no ano passado, devendo o PIB crescer um pouco abaixo de 3% em 2013, um resultado razoável para um ano de crise mundial. O emprego está bom e continua crescendo, houve um grande aumento no número de trabalhadores com novas carteiras de trabalho. Os dissídios, as greves e a grande maioria das convenções conseguiram salários elevados acima da inflação, mas ainda considerados internacionalmente baixos, porém os mais altos nos últimos 50 anos no país. A indústria automotiva cresce, o Brasil ultrapassou a Alemanha e agora passa a ser o quarto país que mais vende carros no mundo. A política social e a bolsa família compensam um pouquinho os privilégios da bolsa-ricos dos juros. O governo tem boa avaliação entre os mais pobres e que precisam de muito mais políticas sociais. A infraestrutura segue enrolada, o que também não é novidade ou exclusividade do atual período e precisa ser melhorada. A saúde motiva o popular programa de mais médicos importados, os indicadores sociais de saúde melhoraram nos últimos 10 anos, mas são necessários mais investimentos e muitas outras políticas na área. A educação segue na média, algumas novidades na criação de mais instituições federais, mas continuam longas greves, como a dos professores das federais e de redes estaduais e municipais mais politizadas. A ilusória política de cotas não conseguiu esconder o fato do aumento do número de analfabetos, ainda que causado pelo aumento da expectativa de vida e da longevidade dos idosos nordestinos pobres.
As manifestações de junho foram muito mais um protesto de segmentos insatisfeitos com temas genéricos do que uma expressão política somente dirigida contra a então alta popularidade artificial de Dilma no começo do ano. Três forças motrizes organizadas e absolutamente incompatíveis entre si procuraram se aproveitar das manifestações espontâneas: A extrema-esquerda, a direita e a mídia-manipuladora-partido-de-oposição. Após mais de dez anos de análises de conjuntura equivocadas e de derrotas políticas em comum, o desespero dos três grupos convergiu e procuraram passar a falsa impressão de um país instável e em crise, tentando derrubar a ordem vigente da coalizão Lulo-Dilmista. Por mais que tentem inventar uma imaginária e terrível crise existencial, moral, política, social e econômica, a realidade é bem outra. Dilma, o PT e os seus aliados e simpatizantes seguram bem pelo menos 40% do eleitorado e permanecem regularmente na frente como favoritos à reeleição, o que os coloca com a força hegemônica mais viável na corrida presidencial de 2014.
Dilma e o PT deveriam aproveitar os protestos para avançarem nacionalmente na política do transporte coletivo urbano, encamparem e estatizarem o sistema coletivo de transportes urbanos das poucas famílias privadas empresariais do setor, criarem metrôs no sistema chinês. Dilma e o PT devem pensar grande e com qualidade para investirem em um real projeto de ampliação da educação de qualidade pública e gratuita, muito além da fraquíssima e limitadíssima política de cotas, se quiserem reverter o aumento do analfabetismo e quiserem dar um salto nacional efetivo de qualidade na educação. Continuar avançando na criação e ampliação de políticas sociais urbanas e rurais. Uma política nacional de saneamento e a erradicação completa de trabalho infantil estão no horizonte das possibilidades. Políticas nacionais de segurança e direitos humanos para a ampliação da segurança pública. Outro poderoso neo aliado estratégico do governo federal é o agronegócio, o salvador da lavoura e das exportações nos últimos anos. A agricultura familiar e o agronegócio devem ser estimulados conjuntamente a colonizar novas áreas no Centro-Oeste e na Amazônia, implementando 500.000 pequenos agricultores e sem-terra no Pará, somente com a construção da nova rodovia PA-167 e com a construção das novas usinas hidrelétricas na Amazônia. Lembremos que os brasileiros são os descendentes diretos dos arrojados bandeirantes, negros e tupis, que realizaram a unificação política da placa Centro-Atlântico-Amazônica, a metade da América do Sul, ocupada bravamente pela nossa gente e língua. Os produtores rurais querem estabilidade, apoio à produção e distribuição de suas megassafras em expansão.
A maioria do eleitorado brasileiro tem a plena consciência que a vida melhorou nos últimos dez anos e que Dilma e o PT são os mais capacitados para continuarem a enfrentar os problemas para os próximos quatro anos. Com políticas ousadas e determinadas no transporte urbano coletivo, na educação, na ciência, na tecnologia, na infraestrutura e na agropecuária, um segundo governo 2015-2018 estará garantido com sucessos bem acima da média do período 2011-2014."

Ricardo Costa de Oliveira 


 

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