quarta-feira, 10 de setembro de 2014

autonomia/independência do Banco Central




Confesso que não consigo entender o debate atual sobre "autonomia/independência do Banco Central". Como a proposta é defendida por quem fala em nome dos interesses das empresas que compõem o sistema financeiro, cheguei à conclusão que a direção do BC, em especial presidência, sempre foi ocupada por pessoas sem ligação com essas empresas. Logo, insensíveis aos interesses dos operadores financistas, tomariam decisões contrárias aos banqueiros, dificultando a vida deles no País. Bem, daí as dúvidas cresceram. Primeiro porque o Banco Central pratica um dos maiores juros reais do mundo, portanto, nosso setor financista é um dos mais beneficiados em todo o planeta. Todos os grandes bancos gostariam de operar aqui, não só pelo tamanho do mercado, mas também pela "bondade" das decisões do BC nas últimas décadas. Daí, fui lá e entrei na página dos ex-presidentes do BC. E, surpresa, a regra é que para ser presidente do BC é preciso ter experiência no sistema privado. O que há de operadores do mercado financeiro, consultores de bancos e até mesmo ex-presidentes de instituições privadas que assumiram o cargo máximo do Banco Central brasileiro é uma enormidade. São exceções os ex-presidentes do BC que não tiveram em algum momento grande proximidade com o "mercado financeiro" (o atual presidente é uma delas). No que eu concluo: precisamos, definitivamente, estatizar o Banco Central. Ele sempre teve autonomia em relação ao Estado. Fiquei maluco?!

Emerson Urizzi Cervi

Nenhum comentário: