Confesso que não consigo entender o debate atual sobre
"autonomia/independência do Banco Central". Como a proposta é
defendida por quem fala em nome dos interesses das empresas que compõem o
sistema financeiro, cheguei à conclusão que a direção do BC, em especial
presidência, sempre foi ocupada por pessoas sem ligação com essas empresas.
Logo, insensíveis aos interesses dos operadores financistas, tomariam decisões
contrárias aos banqueiros, dificultando a vida deles no País. Bem, daí as
dúvidas cresceram. Primeiro porque o Banco Central pratica um dos maiores juros
reais do mundo, portanto, nosso setor financista é um dos mais beneficiados em
todo o planeta. Todos os grandes bancos gostariam de operar aqui, não só pelo
tamanho do mercado, mas também pela "bondade" das decisões do BC nas
últimas décadas. Daí, fui lá e entrei na página dos ex-presidentes do BC. E,
surpresa, a regra é que para ser presidente do BC é preciso ter experiência no
sistema privado. O que há de operadores do mercado financeiro, consultores de
bancos e até mesmo ex-presidentes de instituições privadas que assumiram o
cargo máximo do Banco Central brasileiro é uma enormidade. São exceções os
ex-presidentes do BC que não tiveram em algum momento grande proximidade com o
"mercado financeiro" (o atual presidente é uma delas). No que eu
concluo: precisamos, definitivamente, estatizar o Banco Central. Ele sempre
teve autonomia em relação ao Estado. Fiquei maluco?!
Emerson Urizzi Cervi
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