segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O ethos politico paranaense.

Ivan Justen Santana______________O amigo Julio Garrido postou: "Vejo meus amiguinhos reclamando da vitória do Richa, Dias e Aécio aqui no Paraná, dizendo que o povo é alienado, não é. Gente, historicamente o paranaense é fascista. O segundo maior partido nazista do planeta ficava aqui. Existem imagens dos anos 30 com milhares de pessoas na Praça Tiradentes fazendo a saudação nazista. Durante a segunda guerra tivemos campos de concentração e os que mais sofreram neles foram os japoneses. Em 1964 teve parada militar na XV com grande adesão popular pra receber as tropas paulistas. Nos anos sessenta e setenta o Paraná foi dos estados que mais prendeu e torturou militantes da esquerda."
Achei por bem responder: "Colar um rótulo como esse é alimentar ressentimentos históricos e perder a perspectiva. O Paraná nunca foi um estado com identidade cultural própria dominante, portanto sempre foi presa fácil para tendências de dominação vindas de fora, como por exemplo o fascismo. Mas é também um estado em que surgiram vanguardismos como o Simbolismo, com seu anticlericalismo e internacionalismo, e figuras individuais excêntricas e geniais: Paulo Leminski é um exemplo prototípico mais contemporâneo, entre outros que poderiam ser citados. Nosso "povo" é, sim, alienado, fascista, comunista, esclarecido, politizado, ignorante, etc. O "povo" paranaense ainda não consegue se reconhecer no espelho quando acorda de manhã, e categorizações únicas como a de "fascista" dificilmente vão ajudar para essa autorrevelação."

Ricardo Pedrosa Alves__________________ acho que os dois têm razões aqui e ali, já que há conservadorismo em todo lugar e o autoritarismo das elites é marca talvez nacional, mas o argumento 'tendências de dominação vindas de fora' é dos mais frágeis. assim, simbolismo, leminski etc. são 'tendências internas'; fascismo, racismo etc. são 'tendências externas'? é isso?

Ivan Justen Santana_______________________ O argumento não é esse, pois é mesmo difícil diferenciar o que é "de fora" e o que é "nosso". Tanto fascismo e racismo, quanto simbolismo e vanguardismos, e até mesmo o Paulo Leminski, são e não são "nossos". O ponto aqui é o de reconhecer isso.

Eloise Mara Grein______________ O Paraná é um "melting pot", um caldeirão com mistura de inúmeras etnias. ..o que sai de toda essa mistura não é de fácil catalogação

Ivan Justen Santana_________________________ Qualificando um pouco mais, o "fascismo" em sua forma organizada, tanto a da Europa, quanto a do Integralismo do Plínio Salgado, vieram "de fora" do Paraná. Mas a tendência praticamente "inata" do indivíduo humano, de encampar fascismos, e ir à praça (ou ao campo de futebol) gritar um refrão com um grupo e hostilizar quem não faça parte desse grupo, é possivelmente coisa "nossa". Você flagrou algo interessante no meu discurso, Ricardo: a tendência de considerar o que achamos errado como algo externo, e querer para nós (associar a "nosso", a "tendências internas") valores que reputamos positivos. Eloise: antes fosse um caldeirão em que os ingredientes-etnias se misturassem harmoniosamente: ainda é uma dificuldade a própria admissão dessa identidade cultural múltipla e variada.

Rogério Guiraud____________________________ O Paraná teve realmente picos de vanguardismos especialmente nas Artes, acho que nunca na política, mas deixo isso para os especialistas, porém, todas as vanguardas foram paridas a fórceps e exterminadas a pau... é comum esse processo, porém aqui, como fizeram com o corpo do Bin Laden, tratamos de enterrar o morto rapidamente, para evitar os discursos de velório. Julio Garrido, que vive o meio, apenas usou o Álvaro Dias e o Beto Richa, como argumento... Ele poderia ter citado os fotógrafos, como os que fazem apenas fotos de casamento. O problema da provincia é que temos certeza que pinheiro não se transplanta mas não sabemos que brasileiros de outras vanguardas não provinciais, nunca ouviram falar de farofa de pinhão com carne de porco, mas acham que Curitiba é organizadinha e limpinha! Beto Richa e Álvaro Dias nunca fizeram porra alguma pela nossa cultura e o Barão, no Paço da Liberdade, que o beto privatizou, está assentado, embora de pé, sobre quatro colunetas de fascio, cuidando de quem desce do trem do Shopping ali do fim da rua... O que significará. exatamente isso? Portanto Que Goura, Anaterra Viana e Bernardo Piloto nos redimam na próxima porque desta vez fudeu!


Rita Franco Brunetti_____________________________ Excelente texto Ivan, desvendando os véus do nossa terrinha. Pra mim foi uma aula. Paraná é essa mistura mesmo, raças, crenças... isso é muito bom também! Já que no afã dos resultados políticos chamei o povo de coxinha. Depois dessa seu texto vou compartilhar!!!


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