Mara Telles
O Brasil tem uma cultura autoritária que se estende à
direita, centro e esquerda. Mas, isso não é algo singular ao Brasil: é uma
particularidade da América Latina. Contudo, este quadro não tem se restringido
ao continente: também nos países europeus, sempre que há uma crise econômica,
os Ilustrados habitantes do Velho Mundo se esquecem dos seus valores
democráticos e aderem com gosto à xenofobia. A extrema-direita deita e rola:
basta dar uma olhadinha no mapa das eleições legislativas nos países nórdicos -
justamente aqueles que compõe o mapa da Pesquisa Mundial de Valores como os
mais racionais - , para observarmos o crescimento deste grupo.
Mas, a extrema esquerda também ama um certo ar autoritário:
como se a politica fosse um círculo, os extremos se encontram. O povo é um mero
detalhe a ser retirado do cenário e do processo decisório. Estou ouvindo uma
conversa de dois rapazes muito modernos: a favor do casamento gay, contra a
corrupção, a favor do aumento do salário mínimo, pela liberalização da
enconha... Os programas inclusivos e as politicas sociais são tratados com
escarnio. E, para o Brasil mudar, o povo deveria ser "qualificado". A
culpa de tudo estar tão ruim é do povo "sem qualificação". Sempre
será.
Ao fim e ao cabo, deveria haver um partido ou um poder
decisório que retirasse o poder do povo - este detalhe maldito da democracia!
Oi??? Eu ouvi isso? Só não digo o nome do candidato
estampado nos bottons para não causar chiliques e suicídios na minha timeline.
Quadros iluminados: tô fora. É por isso que não passam de 1%...
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