segunda-feira, 25 de abril de 2011

A literatura faz os homens mais sensíveis e estimula


Sua imaginação. E homens com sensibilidade e imaginação são

Difíceis de se explorar, de se reprimir. Essa é a grande função da literatura:

Criar gente inconformada com a realidade.

Mário Vargas Llosa





Concepção de literatura segundo Antônio Gómez Mariana:

“Literatura é uma confrontação dialética de discursos, quando esses são ironizados, parodiados e, inclusive, subvertidos, sendo que tais operações são as mais importantes que a literatura vem realizando há muito tempo, e sob diferentes formas. Todo esse trabalho ocorre sobre os usos da linguagem que sempre são regulados socialmente. Rompendo as fronteiras das formulações discursivas que se querem pertencentes com exclusividade aos diferentes campos do saber, a literatura examina os discursos produzidos nestes e por estes campos e, ao contrasta-los, oferece uma visão plural da sociedade que os gera e os sustenta”.

Propomos a leitura não como hábito nem gosto, mas sim, como uma prática sujeita a variantes sociais, familiares, escolares e pessoais. O que é ler em um país onde a literatura sempre foi um tema para uma minoria? Os jovens crescem cercados por valores pragmáticos. Literatura é rede de linguagens, subverte discursos, não embala o leitor. Contestando o seu cotidiano, abala o centralismo lingüístico, rompe fronteiras de discursos. O estatuto artístico depende de flutuações discursivas. O texto dialógico se abre para contradições sociais, instigando-nos à convivência com diferenças. Ler é lidar com outro tempo, superar a sofreguidão imediatista: exige uma lenta maturação de signos, concatenação de camadas de referências. Literatura é montagem singular e coloca em cheque a ficção do eu. Sob o fascismo do consumo, o neocapitalismo esvazia o sentido da vida. Este permanece na mistificação: escrever é obra de gênios. O trabalho do escritor desaparece, ou seja, a subjetividade do escrito e até mesmo a nossa, não é pura, pois ela está sempre interligada com o outro, para o outro e pelo outro. Precisamos re-humanizar o sentido de ler. O leitor pode descobrir no ato da leitura um modo de recriar-se.

Trabalhar com a literatura é fazer com que as pessoas criem vínculos com textos literários (narrativas curtas, poemas, crônicas, peças de teatro, músicas, etc.), construindo novos padrões e destruindo os velhos; sempre respeitando o ritmo, a sua prática e os interesses de cada pessoa. O objetivo da literatura não é confirmar o que o leitor já sabe e nem dignificar o seu cotidiano, mas sim, contesta-los. A literatura quer provocar estranheza, e não, identificação.

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