quinta-feira, 28 de agosto de 2014

OS DILEMAS DA CAMPANHA PETISTA



Grande parte das elites políticas brasileiras são oriundas de famílias ricas e conservadoras, donas de grandes empresas ou do agronegócio, e estão a gerações no poder (parlamentos, executivos, rádios, TVs).

Em geral, odeiam o PT. Sempre odiaram, desde a sua fundação. Quando o PT nasceu, os oprimidos tiveram voz e passaram a disputar o poder na sociedade, gerando o pavor dessa elite atrasada, que nunca tolerou a mais singela participação direta ou indireta do povo.

A chegada do Lula ao poder em 2003 foi uma derrota desse atraso. Essas elites nunca aceitaram o PT, mas parte dela aceitou o convite do partido para compor o governo com o objetivo de assegurar por dentro a manutenção de seus interesses.

A cúpula petista, por outro lado, entendeu que era necessário fazer concessões a essas elites e governar sem tensões com o poder instituído. Para isso, evitou as pautas mais radicais do partido, as reformas mais estruturais e os debates mais polêmicos.

Havia a crença que seria possível um governo de coalizão com essas elites e que, com isso, haveria uma certa acomodação das classes.

Ledo engano.

Nos últimos 12 anos, essas elites bombardearam o PT em duas frentes: atacaram todas as medidas mínimas de soberania e populares adotadas pelo Lula e pela Dilma, muitas das quais retrocederam para evitar conflitos. Ao mesmo tempo, escancararam as deformações ocorridas no partido para torna-lo viável nesse sistema eleitoral, como as filiações sem critérios ideológicos, amplas alianças, fisiologismo, financiamentos eleitorais por grandes empresas.

Todos os instrumentos empresariais de formação de opinião pertencentes a essas elites foram usados para transformar em uma novidade dos governos petistas os problemas que há tempos são endêmicos no Estado brasileiro, como a corrupção, a propina, o lobby.

O PT apanhou calado, em nome da “governabilidade” e das alianças com alguns setores dessa elite conservadora.

O silêncio desarmou parte da militância, que se encolheu. O linchamento midiático criou um sentimento anti-petista em muitos brasileiros, mesmo que suas vidas tenham melhorado significativamente na última década.

Mas, depois de quase 12 anos de governo e faltando pouco mais de um mês para as eleições, talvez seja o momento de reagir.

Digo talvez, porque há uma chance de ganharmos novamente a eleição presidencial apostando na continuidade dessa estratégia do silêncio. Mas há uma grande chance de perdermos também.

Reagir significa, evidentemente, enfatizar os avanços sociais conquistados no três governos petistas e denunciar as políticas antipopulares adotadas nos governos do FHC. Mas também é se comprometer com as reformas de base que essas elites atrasadas nunca toparam, principalmente a Reforma Agrária, a tributação sobre as grandes fortunas e a auditoria da dívida pública.

Reagir também é propor um novo pacto com os movimentos sociais e populares para implementar as mudanças necessárias no país, se engajando na campanha do plebiscito popular pela Constituinte da Reforma Política e chamando as pessoas a se mobilizarem nessa batalha.

Reagir é incendiar a base social do PT para sair às ruas, reacendendo as esperanças de mudanças mais profundas na sociedade, dar sentidos à política que vão além do acesso à alguns bens de consumo, por mais importantes que sejam, e objetivos maiores para que tenham a confiança de defender e acreditar no PT.

Reagir é mostrar que o problema do Brasil não é a falta de elites, como afirmou a candidata Marina Silva, mas as gritantes desigualdades sociais que persistem em nosso país.

Para impedir o retrocesso, é hora de reagir.


Fonte : Blog do André Machado

Base social preferencial

Afinal, qual é a base social preferencial da intenção do voto em Marina ? O eleitor jovem, despolitizado, de classe "média-baixa" (2 a 5 Salários Mín.), evangélico, urbano, morador nas capitais e periferias. O que chama a atenção é a hegemonia de Marina no segmento jovem, a geração que ainda não era adulta no meio do governo FHC e que não tem a memória política da eleição e presidência de Fernando Collor(o da nova política, o salvador-da-pátria-acima-dos-partidos, que não era de direita, nem de esquerda e governaria com todos juntos na reconstrução nacional). Esta mesma base social jovem forneceu a demografia urbana confusa das manifestações de junho de 2013 e está associada mentalmente ao mesmo primarismo e pouca consistência político-partidária de Marina. Representam setores no terciário, comércio, serviços e autônomos, a grande maioria sem maior tradição organizacional ou sindical, em condições precárias e pouco organizadas. Abandonados pelo establishment. Querem mudanças e não sabem ao certo como funcionam os partidos, as instituições e a política como um todo. Somente as posições do PT e do PSDB podem redefinir e pautar a ida e os eventuais resultados de Marina no segundo turno porque continuam permanecendo como os dois únicos atores principais na governabilidade, os outros são meros coadjuvantes e auxiliares para votos úteis ou inúteis nas candidaturas presidenciais.
Ricardo Costa de Oliveira

sábado, 9 de agosto de 2014

Фи́льмы и пе́сни Películas y canciones


Фильм
Película
Фрагме́нты пе́сен
Fragmentos de canciones
1. "Москва́ слеза́м не ве́рит" (1979)
Исто́рия трёх де́вушек из прови́нции, прие́хавших в Москву́ в конце́ пятидеся́тых годо́в - о том, как они́ и́щут любо́вь, как выходят за́муж и как живу́т в семье́. В 1981 (ты́сяча девятьсо́т во́семьдесят пе́рвом) году́ фильм получи́л пре́мию "О́скар".

1. "Moscú no cree en lágrimas" (1979)

Historia de tres chicas jóvenes provincianas que llegan a Moscú a finales de los años 50. Cómo buscan el amor, se casan y viven en familia. En 1981 la película ganó un Óscar.
"Алекса́ндра"
 Алекса́ндра, Алекса́ндра, э́тот го́род наш с тобо́ю,
Ста́ли мы его́ судьбо́ю - ты вгляди́сь в его́ лицо́.
Что́ бы ни было внача́ле, утоли́т он все печа́ли.
Вот и́ ста́ло обруча́льным нам Садо́вое кольцо́!

"Alexandra"

Alexandra, Alexandra,  esta ciudad es tuya y mía,
Nos hemos convertido en su destino, mira su cara fijamente.
Pase lo que pase al principio, la ciudad te consolará.
Y ahora el Anillo de los Jardines de Moscú se ha convertido en nuestra alianza.
2. "Служе́бный рома́н" (1977)

Лири́ческая тра́гикоме́дия изве́стного режиссёра Эльдара Рязанова о любви́ ме́жду чёрствым дире́ктором предприя́тия и её неуве́ренным и засте́нчивым подчинённым, кото́рая в конце́ концо́в приво́дит к кардина́льным изменениям их хара́ктера и жи́зни.

2. "Amor en la oficina"  (1977)

Comedia dramática del famoso  director Eldar Riazánov sobre el amor entre una directora de empresa, mujer insensible, y su inseguro y tímido subordinado. Finalmente el amor causa cambios drásticos en el carácter y vida de ambos.
"У приро́ды нет плохо́й пого́ды"

У приро́ды нет плохо́й пого́ды -
Ка́ждая пого́да благода́ть.
Дождь ли, снег, любо́е вре́мя го́да
На́до благодарно принима́ть.
О́тзвуки душе́вной непого́ды,
В се́рдце одино́чества печа́ть
И бессо́нниц го́рестные всходы
На́до благодарно принима́ть.

2. "La naturaleza no tiene mal tiempo"

No hay mal tiempo en la naturaleza,
Cada tiempo tiene su propia gracia.
Lluvia, nieve, cualquier época del año
tenemos que aceptarla con gratitud.
Ecos de intemperie en el alma,
sello de soledad en el corazón,
Y los tallos tristes del insomnio tenemos que aceptarlos con gratitud.
3. "Иро́ния судьбы, и́ли С лёгким паром" (1975)

Пожа́луй, оди́н из са́мых изве́стных сове́тских фи́льмов, кото́рые всегда́ пока́зывают накану́не Но́вого го́да. Москви́ч Женя Лукашин гото́вится встре́тить Но́вый год в Москве́ на у́лице Строи́телей, одна́ко его́ друзья́, вы́пив, по оши́бке отправля́ют его́ в Ленингра́д на самолёте. Он ничего́ не замеча́ет и приезжа́ет на такси́ на у́лицу Строи́телей в Ленингра́де, где живёт На́дя. Постепе́нно геро́и влюбля́ются друг в дру́га.

3. "Ironía del destino" (1975)

Probablemente una de las películas soviéticas más conocidas que siempre es transmitida en vísperas del Año Nuevo. El moscovita Zhenia Lukashin se prepara para celebrar el Año Nuevo en Moscú en la calle “Constructores”, pero sus amigos, habiendo bebido,  lo mandan por error a Leningrado en avión. No se da cuenta de nada y llega en taxi a la calle “Constructores” en Leningrado, donde vive Nadia. Poco a poco los personajes se enamoran.
"Е́сли у вас не́ту тёти"

Е́сли у вас не́ту дома, пожа́ры ему́ не страшны
И жена́ не уйдёт к друго́му
Е́сли у вас, е́сли у вас
Е́сли у вас нет жены
Не́ту жены.

"Si no tiene tía"

Si no tiene casa, no se va a quemar,
Y la mujer no se va a ir con otro
Si no tiene, si no tiene
si no tiene mujer,
no tiene mujer.
4. "Земля́ Санникова" (1972-1973)

Приключе́нческий фильм о по́исках зага́дочного острова за Поля́рным кругом, кото́рые зака́нчиваются траге́дией.

4 "La tierra de Sannikov" (1972-1973)

Película de aventuras sobre la búsqueda de una isla misteriosa más allá del Círculo polar, que acaba en tragedia.
"Есть то́лько миг"

При́зрачно всё
В э́том ми́ре бушу́ющем,
Есть то́лько миг,
За него́ и держи́сь.
Есть то́лько миг
Ме́жду про́шлым и бу́дущим,
Именно он называ́ется жизнь.

"Solo hay un isntante"

Todo es una ilusión
en este mundo tormentoso,
sólo existe el instante,
agárralo.
Hay solo un instante entre el pasado y el futuro, se llama vida precisamente.
5."Ива́н Васильевич меня́ет профе́ссию" (1973)

Ки́нокоме́дия, сня́тая по сюже́ту пье́сы Михаи́ла Булгакова изве́стным режиссёром Леони́дом Гайдаем. В результа́те изобрете́ния маши́ны времени Ива́н Гро́зный ока́зывается в сове́тской реа́льности, а сове́тские лю́ди - в шестна́дцатом ве́ке.

"Ivan Vasílievich cambia de Profesión”(1973)

Comedia, basada en la pieza de Mijail Bulgákov, rodada por el famoso director Leonid Gaidái. Gracias a la invención de la máquina del tiempo, Iván el Terrible se encuentra en la realidad soviética, mientras que la gente soviética se encuentra en el siglo XVI.

"Разгово́р со сча́стьем"

Вдруг как в ска́зке скри́пнула дверь,
Все мне я́сно ста́ло тепе́рь,
Сто́лько лет я спо́рил с судьбо́й
Ра́ди э́той встре́чи с тобо́й.
Мёрз я где́-то, плыл за моря́,
Зна́ю, э́то было не зря,
Всё на све́те было не зря,
Не напра́сно было.

"Conversación  con la felicidad"

De repente, la puerta ha crujido como en un cuento de hadas,
todo se ha aclarado para mí,
tantos años había discutido con el destino,
por este encuentro contigo.
Estuve congelado en algún lado, navegué por los mares,
sé que no fue en vano,
todo en este mundo no fue en vano,
no fue inútil.
6. "Мэ́ри Поппинс, до свида́ния" (1984)

Фильм-мю́зикл о Мэ́ри Поппинс. Семе́йство Бэнкс и́щет ня́ню для свои́х дете́й. По объявле́нию прихо́дит Мэ́ри Поппинс. Мэ́ри Поппинс о́чень рассуди́тельная, строгая, но в то же вре́мя до́брая и ми́лая. То́лько она́ мо́жет понима́ть язы́к звере́й и птиц,  оживи́ть ста́тую и да́же предоста́вить взро́слым возмо́жность ненадо́лго встре́титься со свои́м со́бственным де́тством.

6. "Adiós, Mary Poppins" (1984)

Película musical sobre Mary Poppins. La familia Banks está buscando una niñera para sus hijos. Tras leer el anuncio, llega Mary Poppins. Mary Poppins es muy sensata y rigurosa, pero al mismo tiempo buena y simpática. Sólo ella puede comprender el lenguaje de los animales y pájaros, revivir una estatua y hasta dar a los adultos la oportunidad de volver a su infancia por un momento.
  
"Непого́да"

Измене́ния в приро́де
Происхо́дят год от го́да,
Непого́да ны́нче в мо́де,
Непого́да, непого́да.
Сло́вно из водопрово́да
 Льёт на нас с небе́с вода́.
Полго́да плоха́я пого́да,
Полго́да совсе́м никуда́.

"Mal tiempo"

Cambios de tiempo
suceden cada año,
El mal tiempo está de moda,
mal tiempo, mal tiempo.
El agua cae sobre nosotros desde el cielo
como de una tubería.
Medio año de mal tiempo
medio año sin poder salir a ningún lado.
7. "Бе́лое со́лнце пустыни" (1970)

Cове́тский кинофи́льм режиссёра Владимира Мотыля́, повеству́ющий о приключе́ниях красноарме́йца Фёдора Ивановича Сухова, спаса́ющего же́нщин из гаре́ма банди́та Абдуллы в го́ды гражда́нской войны. Оди́н из са́мых изве́стных фи́льмов в исто́рии сове́тского кинемато́графа.

"Sol blanco del desierto" (1970)

Película soviética del director Vladímir Motyl sobre las aventuras de Fiódor Sújov, soldado del Ejército Rojo, que salva a las mujeres del harén del bandido Abdullah durante la Guerra Civil rusa. Una de las películas más conocidas de la historia del cine soviético.
  
"Пе́сня Верещагина"

Ва́ше благоро́дие, госпожа́ разлу́ка,
Мы с тобо́й родня́ давно́, вот какая шту́ка.
Письмецо́ в конве́рте, погоди́, не рви,
Не везёт мне в сме́рти, повезёт в любви́.
Письмецо́ в конве́рте, погоди́, не рви,
Не везёт мне в сме́рти, повезёт в любви́.

"Canción de Vereshchagin"

Su excelencia, señora  Separación,
nos hemos hecho parientes hace mucho ya, esa es la cosa.
Espera, no rompas la pequeña carta en el sobre,
si no tengo suerte en la muerte, voy a tenerla en el amor,
Espera, no rompas la pequeña carta en el sobre,
si no tengo suerte en la muerte, voy a tenerla en el amor.

Зна́ете ли вы други́е пе́сни из советских или российских фи́льмов?  Каки́е из них вы бы доба́вили в э́тот спи́сок?

Expressões alemãs

A mentira tem pernas curtas

Essa não precisa explicar. Assim como no português, "Lügen haben kurze Beine" significa que uma mentira não dura para sempre.
"o importante é não perder o fundamento do pensar"
Louise Nazareno
"A alma da gente, como sabes, é uma casa assim disposta, não raro com janelas para todos os lados, muita luz e ar puro. Também as há fechadas e escuras, sem janelas ou com poucas e gradeadas, à semelhança de conventos e prisões. Outrossim, capelas e bazares, simples alpendres ou paços suntuosos."

- Machado de Assis em "'Dom Casmurro' - Capítulo LVI".

Conversação básica

- Oi, tudo bem?
- Привет как дела? [ Privét, kak dilá? ]
- Tudo bem, obrigado. E vc?
- Хорошо, спасибо! А у тебя? [ Kharachó, spasíba! A u tebiá? ]
- Tudo ótimo também

- Тоже все отлично! [ Tóje vsió atlítchna! ]

Mélange

Sob o sol
Sob o sol em meu leito após a água -
Sob o sol e sob o reflexo enorme do sol sobre o mar,
Sob a janela,
Sob os reflexos e os reflexos dos reflexos
Do sol e dos sóis sobre o mar
Nos vidros,
Após o banho, o café, as ideias,
Nu sob o sol em meu leito todo iluminado
Nu - só - louco -
Eu!
- Paul Valéry, in "Mélange"". [tradução Augusto de Campos].

http://www.elfikurten.com.br/2014/06/paul-valery.html

História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão ao Sol da Onça Caetana

“Eu precisaria de alguém que me ‘ouvisse’, mas que me ouvisse sentindo cada palavra como um tiro ou uma facada. Porque é assim que eu ouço as palavras ligadas a esta história. Cada uma tem seu significado sangrento, no estranho ‘Sertão’ que venho edificando aos poucos, ao som castanho e rouco do meu canto, como um Castelo de pedra erguido a partir do Sertão real.”
- Ariano Suassuna, em “História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão ao Sol da Onça Caetana”. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977, p. 80.

http://www.elfikurten.com.br/2013/09/ariano-suassuna.html

O que é de (des)conhecimento geral']

'O ambiente comunicacional organizado e pautado pela mídia tradicional é o reino das obviedades, terreno fértil para o populismo e a manipulação. Nesse território se edificam não apenas as carreiras políticas inexplicáveis, como algumas fortunas que desafiam as teorias de sustentabilidade do capitalismo.
Parte dos conflitos que vimos crescer nas ruas a partir de junho de 2013 tem origem nessa incapacidade das instituições de aprofundar a compreensão do Brasil contemporâneo.
Presos a essa roda de ignorâncias por aceitarem a dependência de um sistema de mídia limitador e intelectualmente modesto, governantes que deveriam tomar a iniciativa da mudança não se mostram capazes de inovar. Os candidatos ao cargo mais elevado do sistema de poder, colocados diante da oportunidade de expor o que se espera sejam ideias inovadoras, repetem velhas receitas genéricas.
A imprensa compra qualquer coisa e repassa ao público o que é o desconhecimento geral do Brasil sobre si mesmo'

--por Luciano Martins Costa, via Observatório da Imprensa [título original: 'O que é de (des)conhecimento geral']
'Em 1948, Israel matou milhares de inocentes e aterrorizou outros milhares em nome da criação de um estado de maioria judaica numa terra com 65% de árabes. Em 1967, desalojou centenas de milhares de palestinos novamente, ocupando o território que até hoje controla, em grande medida, 47 anos depois.
Em 1982, numa cruzada para expulsar a Organização pela Liberação da Palestina e extinguir o nacionalismo palestino, Israel invadiu o Líbano, matando 17 mil pessoas, a maioria civis.
Desde os anos 80, com o levante da ocupação palestina, de forma geral atirando pedras e organizando greves gerais, Israel prendeu dezenas de milhares de palestinos: mais de 750.000 pessoas foram para prisões israelenses desde 1967, um número equivalente a 40% da população adulta hoje.
Eles sairam da prisão com depoimentos de tortura, fundamentados por grupos de direitos humanos como o B’tselem.
Durante a segunda intifada, que começou em 2000, Israel invadiu novamente a Cisjordânia (de onde de fato nunca saiu). A ocupação e colonização das terras palestinas continuou ininterruptamente através do “processo de paz” dos anos 90, e até os dias de hoje. E, ainda assim, nos Estados Unidos a discussão ignora esse contexto opressivo crucial, e está sempre limitada à “auto-defesa” de Israel e à suposta responsabilidade de palestinos por seu próprio sofrimento.
Nos últimos sete anos ou mais, Israel sitiou, atormentou e atacou regularmente a Faixa de Gaza.
Os pretextos mudam: eles elegeram o Hamas; eles se recusam a ser dóceis; eles se recusam a reconhecer Israel; eles lançam foguetes; eles constroem túneis para contornar o estado de sítio etc.
Mas cada pretexto é uma falácia, porque a verdade dos guetos – o que acontece quando você aprisiona 1,8 milhão de pessoas em 225 mil metros quadrados, quase um terço da área da cidade de Nova York, com controle de fronteiras, quase sem acesso ao mar para pescadores (apenas três de 20 quilômetros são permitidos, segundo o Acordo de Oslo), sem meio de entrada ou saída e com mísseis guiados sobre suas cabeças noite e dia – é que eles acabarão contra-atacando. Isso aconteceu em Soweto e Belfast e acontece em Gaza'

--Por Rashid Khalidi, na New Yorker, via Viomundo

Pela Paz

Lev Tolstói:

“Quando ouço dizer que em qualquer uma das guerras rebentadas a culpa é exclusivamente de uma das partes, nunca posso aceitá-lo. É possível reconhecermos que uma parte aja pior do que outra, mas uma discussão sobre qual delas age pior nunca será capaz de esclarecer nem a razão mais superficial de estar acontecendo algo tão horroroso, cruel e desumano como a guerra. As respectivas causas, três no total, são evidentes para qualquer pessoa que mantenha os olhos bem abertos: a 1ª  é a distribuição desigual de bens, quando alguns indivíduos roubam os outros; a 2ª  é a existência de militares que são educados e predestinados para matar; a 3ª  é a doutrina religiosa, falsa e, na maior parte das vezes, conscientemente enganosa, que está sendo impingida às novas gerações.”
(De uma carta para G. Volkonski, datada de 4 de dezembro de 1899)

Tolstói foi um dos maiores pacifistas na história russa. Foi a participação na guerra que o mudou. Ele esteve na defesa de Sebastopol, durante a guerra da Crimeia de 1853 e 1856, bem como na campanha militar de subjugação dos povos do Cáucaso. Graças a sua experiência pessoal, chegou à negação absoluta de qualquer assassinato e, como consequência, até da Igreja e do Estado, além de muitos dos institutos sociais existentes naquela altura.

Fiódor Dostoiévski:
“Em certos casos, se não em quase todos, excluindo, talvez, apenas as guerras civis, qualquer guerra é um processo através do qual (precisamente com o mínimo derramamento de sangue, a mínima mágoa e os mínimos esforços) se consegue a paz internacional e são elaborados relacionamentos mais ou menos normais entre as nações. (…) O que mais está enfurecendo e exasperando o homem é a paz, sobretudo quando é prolongada, e não a guerra. (…) Uma guerra provocada por uma causa benévola, pela libertação dos oprimidos, por uma ideia desinteressada ou santa – uma guerra destas apenas está limpando o ar social, poluído pelos miasmas acumulados, e cura as almas, acabando com as vergonhosas covardias e preguiças, dá e esclarece uma ideia, à realização da qual é destinada uma ou outra nação. Uma guerra destas está fortalecendo todas as almas com o espírito de autossacrifício, além de o ânimo de toda a nação ser fortificado através da consciência solidária e a união de todos os cidadãos integrados numa nação.”

(“Diário de um Escritor”, 1876 – Abril, capítulo 1.º, p. III: O Sangue Derramado Salva?)

Em 1877, a Rússia declarou guerra à Turquia. Além das razões políticas, essa guerra tinha uma ideia profunda: na Rússia, foi e é vista como uma ajuda fraternal aos povos búlgaro e sérvio, subjugados pelos turcos. No ano anterior à guerra e no primeiro ano da mesma, Dostoiévski publicou artigos de uma coletânea intitulada “Diário de um Escritor”, em que refletiu muito sobre a guerra, bem como sobre a política europeia em geral.

Estas obras de Dostoiévski como publicista, de um século e meio atrás, têm semelhanças impressionantes com as análises políticas que hoje em dia se encontram na internet: o mesmo ardor, rispidez na apreciação, inclinação para previsões e prognósticos. Ainda antes do início das ações bélicas, Dostoiévski falou sobre a possibilidade de uma guerra surgir sem declaração oficial, com participação de formações voluntárias, o que nos lembra a situação atual no sudeste da Ucrânia.

Aleksandr Blok:
“Não tenho medo de balas. No entanto, a guerra e tudo relacionado com ela é uma brutalidade. Foi o que me tentava apanhar desde o liceu, se manifestando de formas variadas, e, enfim, me apertou a garganta. Ninguém devia sentir o cheiro de um capote de soldado.” 
(O diário, 28 de junho de 1916)

Na fase inicial da Primeira Guerra Mundial, os russos a encaravam com o entusiasmo, os literatos requintados se alistavam no Exército ou estavam escrevendo poemas cheios de patriotismo mais sincero. Aleksandr Blok, representante mais notável do “Século de Prata” da poesia russa, tinha uma posição à parte, sentindo uma repugnância à guerra, por perceber que ela sempre levava a uma explosão social. Após a revolução de 1917, o poeta faz tentativas amarguradas de se adaptar à nova realidade “brutal”, procurando nela uma fonte saudável e purificante. Os tais esforços o levaram ao extremo desespero e à morte prematura.

Boris Paternak:

“Deveríamos enaltecer e espiritualizar nossa atualidade, para darmos mais valor a todos dias que vivemos, para evitarmos desperdiçá-los ou perdê-los em vão, para a vida se tornar tão atraente, espiritual e cheia de inspirada beleza que não reste nenhuma vontade devastadora de assassínio ou suicídio. Não sei nem posso imaginar outro meio de resistirmos à guerra.”

(Cartas, 10º volume)

Durante a época do poder soviético, a propaganda usava o slogan oficioso de “luta pela paz”. Os escritores destacados participavam frequentemente das iniciativas organizadas sob este lema. Um escritor podia exprimir seus pensamentos sobre a guerra, sem ênfase demonstrativa ou floreados ideológicos obrigatórios, apenas mediante o diário ou a correspondência particular.

Na citação acima ouvimos entonações tolstoianas, e não é por acaso. Seu romance “Doutor Jivago”, que contribuiu para Boris Pasternak ganhar Prêmio Nobel de Literatura, às vezes faz eco a “Guerra e Paz” de Tolstói. Numa outra carta, encontramos a opinião oposta de Pasternak:

“A guerra exerceu uma ação infinitamente libertadora sobre meu estado geral, saúde, capacidade de trabalho e percepção de destino”. Em prol da verdade se diga que Pasternak não participou nem da Primeira, nem da Segunda Guerra. A sua maneira de encarar a luta armada foi inspirada pelas emoções e pelo temperamento poético, em vez da experiência própria. 

Aleksandr Soljenítsin:
“Nenhuma guerra é solução. A guerra é a morte. O horror da guerra consiste não no avanço das tropas, nem nos incêndios, nem nos bombardeios. Antes de mais, a guerra é horrorosa porque entrega tudo que há de raciocinativo ao poder legal da inépcia (…) Aliás, sem guerra também lá estamos nós.”

(Romance “O Primeiro Círculo”, 1958)
Soljenítsin, ex-oficial do Exército, mandado para a prisão da linha de frente da batalha, sendo depois colocado num campo de concentração estalinista, profere a sentença bem clara contra a guerra em que participa o Estado totalitário, apesar de se tratar de uma resistência e contraposição ao agressor: “Qualquer situação bélica serve apenas para justificar uma tirania interna, fortalecendo-a.”


Mikhail Butov é escritor,  laureado com o Prêmio Booker Russo

Israele preferisce il sangue alle fragole

Gideon Levy

—  redazione, 7.8.2014. Haaretz. 


Duro articolo sulle ragioni di Hamas e la necessità di ascoltarle

“Quelli di Hamas sono tutti ‘bestie’? Ammet­tiamo pure che sia vero, ma tanto lì stanno e lì restano, e lo pensa anche Israele. Quindi, per­ché non ascol­tarli?», ha scritto qual­che giorno fa Gideon Levy, noto edi­to­ria­li­sta del quo­ti­diano israe­liano Haa­retz, a com­mento del rifiuto cate­go­rico del governo Neta­nyahu di pren­dere in con­si­de­ra­zione le richie­ste pre­sen­tate da Hamas per andare a un ces­sate il fuoco per­ma­nente. «Dopo che abbiamo detto tutto ciò che c’è da dire sul conto di Hamas – esorta Levy — che è inte­gra­li­sta, che è cru­dele, che non rico­no­sce Israele, che spara sui civili, che nasconde muni­zioni den­tro le scuole e gli ospe­dali, che non ha fatto niente per pro­teg­gere la popo­la­zione di Gaza, dopo che è stato detto tutto que­sto, e a ragione, dovremmo fer­marci un attimo e ascol­tare Hamas. Potrebbe per­fino esserci con­sen­tito met­terci nei suoi panni e forse addi­rit­tura apprez­zare l’audacia e la capa­cità di resi­stenza di que­sto nostro acer­rimo nemico, in cir­co­stanze durissime».

Invece, nota il gior­na­li­sta, «Israele pre­fe­ri­sce tap­parsi le orec­chie davanti alle richie­ste della con­tro­parte, anche quando que­ste richie­ste sono giu­ste e cor­ri­spon­dono agli inte­ressi sul lungo periodo di Israele stesso. Israele pre­fe­ri­sce col­pire Hamas senza pietà e senza alcun altro scopo che la ven­detta. Sta­volta è par­ti­co­lar­mente chiaro: Israele dice di non voler rove­sciare Hamas (per­fino Israele capi­sce che se lo fa si ritro­verà sulla porta di casa la Soma­lia, altro che Hamas), ma non è dispo­ni­bile ad ascol­tare le sue richieste…».

La set­ti­mana scorsa, ricorda Levy, «sono state pub­bli­cate, a nome di Hamas e della Jihad isla­mica, dieci con­di­zioni per un ces­sate il fuoco che sarebbe durato dieci anni. Pos­siamo anche dubi­tare che le richie­ste arri­vas­sero dav­vero da quelle due orga­niz­za­zioni, ma comun­que erano una buona base per un accordo. Tra di esse non ce n’era nean­che una che fosse priva di fon­da­mento… Hamas e la Jihad isla­mica chie­dono libertà per Gaza. C’è forse una richie­sta più com­pren­si­bile e lecita?…».

«Leg­gete l’elenco delle richie­ste – esorta il gior­na­li­sta di Haa­retz — e giu­di­cate one­sta­mente se tra di loro ce ne sia anche una sola ingiu­sta: ritiro dell’esercito israe­liano e auto­riz­za­zione dei col­ti­va­tori a lavo­rare le loro terre fino al muro di sicu­rezza; scar­ce­ra­zione di tutti i pri­gio­nieri rila­sciati in cam­bio della libe­ra­zione di Gilad Sha­lit e poi arre­stati; fine dell’assedio e aper­tura dei vali­chi; aper­tura di un porto e di un aero­porto sotto gestione Onu; amplia­mento della zona di pesca; super­vi­sione inter­na­zio­nale del valico di Rafah; impe­gno da parte di Israele a man­te­nere un ces­sate il fuoco decen­nale e chiu­sura dello spa­zio aereo di Gaza ai veli­voli israe­liani; con­ces­sione ai resi­denti di Gaza di per­messi per visi­tare Geru­sa­lemme e pre­gare nella moschea Al Aqsa; impe­gno da parte di Israele a non inter­fe­rire con le deci­sioni poli­ti­che interne dei pale­sti­nesi, vedi la crea­zione di un governo di unità nazio­nale; infine, aper­tura della zona indu­striale di Gaza… La verità (amara) è che tutti se ne fre­gano di Gaza quando non spara mis­sili con­tro Israele. Guar­date la sorte toc­cata a quel diri­gente pale­sti­nese che ne aveva abba­stanza delle vio­lenze, Abu Mazen: Israele ha fatto tutto quanto in suo potere per distrug­gerlo. E qual è la tri­ste con­clu­sione? “Fun­ziona solo la forza”».

«Con­tra­ria­mente a ciò che tenta di spac­ciare la pro­pa­ganda israe­liana — scrive Levy — i mis­sili (di Hamas) non sono mica pio­vuti dal cielo senza motivo. Basta tor­nare indie­tro di qual­che mese: rot­tura delle trat­ta­tive da parte di Israele; guerra con­tro Hamas in Cisgior­da­nia in seguito all’assassinio dei tre stu­denti di un semi­na­rio rab­bi­nico – è dub­bio che lo abbia pia­ni­fi­cato Hamas – e arre­sto di 500 suoi atti­vi­sti con false accuse; blocco dei paga­menti degli sti­pendi ai lavo­ra­tori di Hamas a Gaza e oppo­si­zione di Israele al governo di unità nazio­nale, che forse avrebbe potuto ricon­durre Hamas entro l’agone poli­tico. Chiun­que pensi che Hamas avrebbe potuto incas­sare senza bat­ter ciglio, pro­ba­bil­mente sof­fre di arro­ganza, auto­com­pia­ci­mento e cecità.…Un porto a Gaza, così che possa espor­tare le sue ottime fra­gole? Agli israe­liani suona come un’eresia. Qui, ancora una volta, si pre­fe­ri­sce il san­gue (pale­sti­nese) alle fra­gole (palestinesi)».
Gideon levy

(tra­du­zione di Marina Astro­logo