Penso que existem diferentes violências oriundas de diversos
lugares na sociedade, mas me parece que todas elas se unificam a partir de um
lugar: o Estado brasileiro. Seja pela presença seja pela ausência, o Estado
brasileiro é fonte/incentivo à violência. Quando ausente, cria uma estrutura de
oportunidades para que a barbárie entranhada na sociedade brasileira se
manifeste, como no caso do garoto amarrado ao poste; quando se faz presente,
humilha a população pela ineficiência ou pela repressão. Na minha opinião, o
problema da reforma do Estado brasileiro, para além da bobagem do Estado mínimo
ou da antinomia infrutífera entre empresas estatais ou privadas, é o tema
ausente mais importante da agenda política no Brasil. Reforma no sentido de,
por um lado, recapacitá-lo a ser coordenador de ação coletiva e implementador
de um projeto de longo prazo que transcenda o curto prazo das eleições e, por
outro, no sentido de republicanizá-lo, de colocá-lo a serviço da população e
não contra ela. Mas para isso, seria preciso um pacto entre lideranças
políticas e forças socioeconômicas em nome de um projeto de longo prazo. Quem
seria capaz de encaminhar isso?
Renato Perissinotto
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