domingo, 27 de abril de 2014

1904: Começa a revolta dos hereros

Em 2 de janeiro de 1904 estourou uma revolta do povo banto dos hereros contra os colonizadores alemães na então África do Sudoeste, atual Namíbia. A resposta alemã foi o genocídio.



A revolta surpreendeu os alemães na África do Sudoeste. Durante 20 anos, eles tinham expandido o seu domínio na atual Namíbia usando a tática de alimentar as rivalidades entre os povos inimigos dos nama e herero. Mas, desta vez, eles próprios foram as vítimas. Os revoltosos, liderados pelo cacique Samuel Maharero, matavam todo alemão que pudesse portar uma arma.
Os hereros viviam basicamente da pecuária. Passo a passo, o orgulhoso povo de pastores perdeu seus campos para os colonizadores alemães. Às vezes, na base de negociações, mas freqüentemente também por meio de falcatruas e violência.
Resistência à dominação
A situação chegou a um ponto em que o cacique dos hereros, Samuel Maharero, conclamou seu povo e outras tribos a resistirem à dominação alemã.
Numa carta ao líder nama Hendrik Witbooi, ele escreveu: "Toda a nossa subserviência e paciência em relação aos alemães não nos trouxe vantagens. Por isso, faço um apelo, meu irmão, para que participes da nossa revolta, de modo a toda a África levantar suas armas contra os alemães."
Reação violenta
Porém, esse sonho de Maharero não se tornou realidade. Os nama ficaram na expectativa, enquanto o Império Alemão reagiu com extrema brutalidade. O imperador Guilherme 2º mandou tropas comandadas pelo general Lothar von Trotha à África do Sudoeste.
Em carta ao governador da colônia, Theodor von Leutwein, ele anunciou uma violenta repressão: "Conheço muitas tribos africanas… Terror, violência brutal. Essa é a minha política", escreveu.
A 11 de agosto, von Trotha cercou os hereros na decisiva batalha de Waterberg, cerca de 400 quilômetros ao norte de Windhoek. O general alemão organizou suas tropas de forma a que os hereros só podiam romper o cerco num determinado ponto, para fugir rumo ao deserto de Omaheke. Ainda assim foram perseguidos pelos alemães, segundo relatou o comando do exército imperial.
"Ordem de extermínio"
Somente alguns poucos fugitivos conseguiram escapar para o território britânico de Betshuana. Outros tentaram romper a barreira militar alemã e voltar aos seus povoados de origem. Mas von Trotha foi implacável. A 2 de outubro de 1904, baixou uma proclamação que entraria para a história como uma "ordem de extermínio".
Esse ato de barbárie foi demais até para o governo alemão em Berlim. O chanceler imperial Bernhard von Bülow interveio junto ao imperador, argumentando que os hereros eram mão-de-obra indispensável para as fazendas e minas da África do Sudoeste e, por isso, deveriam ser poupados. Guilherme 2º ainda hesitou quase duas semanas até revogar a ordem de extermínio e exigir que von Trotha aceitasse a capitulação dos hereros.
Para a maioria dos rebeldes, porém, essa decisão veio tarde demais. Apenas cerca 15 mil de um total de 80 mil hereros escaparam do genocídio. O domínio alemão ainda persistiu por mais uma década.
Sob os auspícios sul-africanos
Em 1915, durante a Primeira Guerra Mundial, a atual Namíbia foi ocupada pela África do Sul, na época colônia britânica. Em 1920, a Liga das Nações deu à África do Sul um mandato para administrar o território, situação que perdurou até o final da década de 80.
A luta pela libertação eclodiu em 1966, com o início das guerrilhas praticadas pela Organização dos Povos do Sudoeste da África (Swapo), de linha marxista. A Namíbia, no entanto, só se tornaria um país independente em 21 de março de 1990.

·         Autoria Carsten von Nahmen (gh)
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