Em 2 de janeiro de 1904 estourou uma
revolta do povo banto dos hereros contra os colonizadores alemães na então
África do Sudoeste, atual Namíbia. A resposta alemã foi o genocídio.
A revolta surpreendeu os alemães na
África do Sudoeste. Durante 20 anos, eles tinham expandido o seu domínio na
atual Namíbia usando a tática de alimentar as rivalidades entre os povos
inimigos dos nama e herero. Mas, desta vez, eles próprios foram as vítimas. Os
revoltosos, liderados pelo cacique Samuel Maharero, matavam todo alemão que
pudesse portar uma arma.
Os hereros viviam basicamente da
pecuária. Passo a passo, o orgulhoso povo de pastores perdeu seus campos para
os colonizadores alemães. Às vezes, na base de negociações, mas freqüentemente
também por meio de falcatruas e violência.
Resistência à dominação
A situação chegou a um ponto em que o
cacique dos hereros, Samuel Maharero, conclamou seu povo e outras tribos a
resistirem à dominação alemã.
Numa carta ao líder nama Hendrik
Witbooi, ele escreveu: "Toda a nossa subserviência e paciência em relação
aos alemães não nos trouxe vantagens. Por isso, faço um apelo, meu irmão, para
que participes da nossa revolta, de modo a toda a África levantar suas armas
contra os alemães."
Reação violenta
Porém, esse sonho de Maharero não se
tornou realidade. Os nama ficaram na expectativa, enquanto o Império Alemão
reagiu com extrema brutalidade. O imperador Guilherme 2º mandou tropas
comandadas pelo general Lothar von Trotha à África do Sudoeste.
Em carta ao governador da colônia,
Theodor von Leutwein, ele anunciou uma violenta repressão: "Conheço muitas
tribos africanas… Terror, violência brutal. Essa é a minha política",
escreveu.
A 11 de agosto, von Trotha cercou os
hereros na decisiva batalha de Waterberg, cerca de 400 quilômetros ao norte de
Windhoek. O general alemão organizou suas tropas de forma a que os hereros só
podiam romper o cerco num determinado ponto, para fugir rumo ao deserto de
Omaheke. Ainda assim foram perseguidos pelos alemães, segundo relatou o comando
do exército imperial.
"Ordem de extermínio"
Somente alguns poucos fugitivos
conseguiram escapar para o território britânico de Betshuana. Outros tentaram
romper a barreira militar alemã e voltar aos seus povoados de origem. Mas von
Trotha foi implacável. A 2 de outubro de 1904, baixou uma proclamação que entraria
para a história como uma "ordem de extermínio".
Esse ato de barbárie foi demais até
para o governo alemão em Berlim. O chanceler imperial Bernhard von Bülow
interveio junto ao imperador, argumentando que os hereros eram mão-de-obra
indispensável para as fazendas e minas da África do Sudoeste e, por isso,
deveriam ser poupados. Guilherme 2º ainda hesitou quase duas semanas até
revogar a ordem de extermínio e exigir que von Trotha aceitasse a capitulação
dos hereros.
Para a maioria dos rebeldes, porém,
essa decisão veio tarde demais. Apenas cerca 15 mil de um total de 80 mil
hereros escaparam do genocídio. O domínio alemão ainda persistiu por mais uma
década.
Sob os auspícios sul-africanos
Em 1915, durante a Primeira Guerra
Mundial, a atual Namíbia foi ocupada pela África do Sul, na época colônia
britânica. Em 1920, a Liga das Nações deu à África do Sul um mandato para
administrar o território, situação que perdurou até o final da década de 80.
A luta pela libertação eclodiu em 1966, com o
início das guerrilhas praticadas pela Organização dos Povos do Sudoeste da
África (Swapo), de linha marxista. A Namíbia, no entanto, só se tornaria um
país independente em 21 de março de 1990.
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Autoria Carsten von Nahmen (gh)
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