segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Pedágio do Paraná

Hoje temos novo aumento nas tarifas de pedágio do Paraná. É o aumento anual, previsto em contrato, que estabelece uma média entre quatro índices de inflação e o governo do Estado chama de reposição de custos. Ok! O cálculo é pela inflação. Tudo bem, mas tem uma coisa que não consigo entender: como podem aplicar a média de índices "cheios" de inflação para quando a origem de receita está em permanente ampliação? Deveria existir um deflator para o índice médio equivalente à proporção de aumento do tráfego no período. E, em anos com menor tráfego, o aumento deveria ficar acima da inflação, por óbvio. Mas não, aplicam a média da inflação anual e pronto. Com isso, as concessionárias têm ganhos reais todos os anos, ainda que apliquem apenas a inflação. Por exemplo: imagine que no primeiro ano de concessão foi registrada a média de 100 veículos por hora nas rodovias. Ao final desse ano aplicou-se a inflação do período como índice de reajuste. Ok! No ano seguinte foi registrada uma média de 110 veículos por hora e a inflação do período foi de 5%. Se aplicarmos todos os 5%, estaremos desconsiderando que houve 10% a mais de veículos que pagaram pedágio naquele ano, o que resultaria em dupla reposição - a da inflação e o do aumento do número de pagamentos nas praças de pedágio. O correto, parece-me, seria considerar que o crescimento de 10% de veículos naquele ano deve ser "retirado" do índice "cheio" da reposição. Assim, ao invés dos 5% da inflação, o reajuste seria de 4,5%. Porém, parece que não é isso que acontece. Todos os anos temos aumentos significativos de tráfego nas rodovias, as concessionárias fazem basicamente a manutenção (a ampliação da infra-estrutura não acompanha as necessidades geradas pelo aumento no tráfego) e desconsideram que mais veículos significam mais receita para o sistema. Cobram a reposição da inflação como se o número de veículos em 2013 nas nossas rodovias fosse o mesmo de 1996, quando o sistema começou a operar. Olha, se calcularmos o acumulado dessa diferença nos quase 20 anos de concessão, chegaremos a uma pequena fortuna que os usuários pagaram "a mais". Porém, o incrível mesmo é que o Governo do Estado diz contratar várias consultorias para analisar o sistema e parece que não conseguem ver o "óbvio ululante". Enfim, concluo que o problema definitivamente não é técnico. Mas, se eu estiver errado, por favor, fique à vontade para me corrigir.


Emerson Urizzi Cervi 

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