domingo, 12 de fevereiro de 2012

EVOLUÇÃO

Depois de anos de uma evolução estética que resultou em fotos absolutamente fechadas (em vez de um gol, o fotojornalismo dos anos 80-90 tentava mostrar detalhes como a expressão facial do autor do gol ao chutar), a foto esportiva vem recuperando os planos abertos, que permitem ver as jogadas e seus contextos.



Paralelamente, a evolução dos equipamentos, com a fotografia digital superando a resolução dos filmes químicos, torna possível, por exemplo, captar a imagem de um campo de futebol inteiro e recortar da imagem a cena específica que interessa publicar.



Essa possibilidade técnica, no entanto, tem sido refutada sob o argumento de que pode significar falseamento. É uma decisão coerente com o mandamento de Capa, mas que não se justifica à luz da técnica em si, e possivelmente nem da ética, caso se compare o ganho, com a redução de mortos e feridos, com os riscos de eventual adulteração da imagem (até porque os registros que a câmera eletrônica produz sobre seus fotogramas são detalhados como um RG e podem ser usados para conhecer as alterações feitas no original).



Da mesma forma que nos estádios olímpicos, os recursos técnicos já poderiam dar aos repórteres fotográficos a chance de documentar cenas de conflito sem necessariamente se aproximar tanto de seu objeto.



Então, por que morrem tantos fotógrafos de guerra? Morrem por uma ideologia.

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